O estilista Walter Rodrigues se considera um cidadão do mundo, para cumprir seu papel de pesquisador e “caçador” de tendências de comportamento e moda. Mesmo antes de fechar definitivamente sua grife, em 2012, Walter já trabalhava para a Assintecal (Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos), atuando como consultor da área de design e produto.
Hoje é coordenador do Núcleo e Design e Pesquisa do Inspiramais, consultor do Instituto By Brasil, e curador do Projeto Focus Design Vision do Instituto Focus, que tem como tema a sustentabilidade, e é dirigido aos alunos das escolas de moda brasileiras. Em live no perfil do Instagram do “Elas no Tapete Vermelho”, Walter contou como a pandemia acabou confirmando alguns insights que apareceram nas pesquisas anteriores e disse que a palavra que define os próximos movimentos da cadeia têxtil brasileira é “Antidoto”. “A palavra serve para várias colocações, inclusive para animar a gente, para que a moda seja sempre o antídoto à depressão, às coisas ruins, ao pessimismo, e para que possa sempre encantar as pessoas .A moda realmente é um órgão, ela é viva”, afirmou.
Como estilista, Walter Rodrigues vestiu de noiva várias celebridades brasileiras, fez desfiles inesquecíveis no Phytoervas Fashion, no SPFW, no Fashion Rio, e na Semana de Moda de Paris. Mas cansou da loucura de ter que vender, de fazer a roda girar e, em 2012, resolveu se dedicar apenas à pesquisa. Ele começou no mundo fashion em 1983, como stylist da Revista Manequim, da editora Abril. Trabalhou para o fotógrafo Miro, para a estilista Clô Orozco, da marca Huis Clos, falecida em 2013. Em 1992 lançou sua marca.
Durante a live, ele foi categórico e disse que não tem vontade alguma em voltar a ter uma marca. “Sinto saudades das pessoas que trabalhavam comigo, mas de ter que vender, não”. Ele mesmo se define como “acumulador compulsivo” de objetos, vestidos, revistas ligadas à moda. “Tenho acervo de mais de 100 peças de Thierry Mugler, 80 de Yves Saint-Laurent, da etnia chinesa Miao, e centenas de revistas”. Ele guarda também todas as peças criadas por ele. “Num país onde você não há nenhum tipo de apoio para nada, eu tenho uma preocupação gigantesca com todo esse acervo”, confessou.
Confira abaixo o resumo da live, em que ele fala das possíveis mudanças que a pandemia pode trazer à moda e ao comportamento das pessoas. “Acho que ninguém vai sair da pandemia mais bonzinho. Vamos continuar seres humanos, mas sou de Sagitário, e procuro ver o lado bom das coisas.” E abaixo, o link para a live completa.
Susto
“Estou sem sair de Caxias do Sul, onde moro, há seis meses. Pouco antes, estava no México, numa feira de calçados, com pessoas de todos os lugares do mundo A China estava fechada e, na Europa, a Itália começando a fechar. Cheguei a São Paulo, dia 6 de março, e vim para Caxias do Sul, dia 12 de março. Eu tenho vários toques, e fiquei assustado. Tive que ficar aqui e isso para mim foi um exercício muito importante, porque eu realmente sou uma pessoa do mundo. Viajava bastante e ao mesmo tempo já tínhamos a pesquisa pronta. A apresentação do Inspiramais era em julho. Em tempo recorde, quatro meses, fizemos o desenvolvimento do Inspiramais para a plataforma digital. Já tínhamos feito a pesquisa do tema “Free Spirit”, que ficou pronta em janeiro.
Polaridade
O “Free Spirit” falava sobre a questão da polaridade, muito mais voltado à política no mundo. Hoje estamos em um momento que gostamos do branco ou do preto, não tem cinza. A pandemia acelerou todos os processos. O que falávamos de sustentabilidade se tornou uma regra muito precisa e necessária. Em janeiro de 2019, trouxemos como pesquisa para o Inspiramais o tema ‘Sincronia’, que falava sobre importância da inteligência artificial e da valorização do ser humano. Moda é muito fantástica. Traz intuições e cenários que na realidade vão se concretizando, até porque pensamos com dois anos de antecedência, que é o tempo até o produto chegar na loja. A sustentabilidade já pedia uma reorganização na maneira como a gente via os estoques e os materiais já prontos. Proclamávamos a ideia de que que era necessário ser muito criativo, libertário. Aí surgiu a ideia do “Free Spirit”, que combina com os anos 1970. A pandemia de certa forma referendou isso porque só os free spirits puderam compreender o momento que estávamos passando e transformar isso em aprendizado.”
Desaceleração
“Nunca pensamos na pandemia, mas a gente tinha noção muito clara que do jeito que estava não poderia ficar. Falávamos sobre sustentabilidade e práticas sustentáveis e uma série de questões pertinentes a uma ideia de desaceleração, mas uma desaceleração consciente. Temos que entender que o nosso ramo é negócio. Por mais que a gente fale de moda, questões de bem-estar, damos empregos para milhões de pessoas. Trata-se de uma indústria. Existe todo um processo e nós precisamos nos preparar para o futuro. O Inspiramais é um programa que ajuda as empresas a descobrir novas possibilidades a partir de tecnologia e inovação. O nosso trabalho é inserir isso dentro das empresas, para uma melhoria da sua performance, pro exemplo. Não é só criar uma coisa nova, mas dar sustentação para as empresas inovarem e crescerem. A partir disso, a prática sustentável, que já era uma regra se torna agora o novo padrão de qualidade.”
Clássico
“Quando falei da polaridade, imaginamos que teria dois consumidores definitivos. Um iria buscar a zona de conforto para consumir, marcas já conhecidas, tradicionais, produtos mais atemporais e clássicos. Quando vimos marcas como Celine fazendo anos 1970, percebemos que era uma vibe muito poderosa no ano passado. Tivemos muitos filmes e histórias em torno disso. Entendemos que esse classicismo viria a partir desse consumidor que não ia sair da sua zona de conforto. Ele queria aquilo, pronto e acabou. Se eu estou preso na minha casa e consumo alguma coisa, vou buscar marcas que tenham tradição, que eu conheço, marcas com a qual já tenho uma relação. Não quero errar, não quero absolutamente nada de diferente daquilo que estou acostumado. Então, se eu tenho que comprar uma calça jeans, vou comprar da marca que já conheço, porque a modelagem me serve. O mesmo se for comprar um sapato, um tênis. Tenho a certeza de que nada vai dar errado.”
Romântico
“O contrário disso seria um consumidor romântico que tem vontade de experimentar coisas, buscar cores, estampas. E na pandemia, isso só se concretizou. Esse consumidor ficou privado de ir para a natureza, não podia mais fazer caminhada, não podia ir mais para praia. Tentou trazer a natureza para dentro da casa, já que a casa virou escritório, playground, escola, restaurante, virou tudo. Criou-se uma nova ambiência. Provavelmente, começou a ter mais cuidado com as plantas, um olhar mais carinhoso para tudo isso e um desejo imenso de estar em contato com a natureza. Para esse grupo, a gente imaginou estampas botânicas, sobre a qual já vínhamos falando, e o uso da cor.”
Escapismo
“Fizemos uma brincadeira que deu supercerto que era a botânica psicodélica. Pegamos a ideia contrária do classicismo dos anos 1970 e brincamos com a ideia do lisérgico. A partir do momento em que ficamos presos, e ainda estamos, há uma ideia de escapismo muito grande porque, há uma necessidade de querer fugir do lugar onde você está. Então as cores e as formas se transformam numa mescla de otimismo e de escape mesmo. Essas ideias ficaram condizentes com o que a gente estava passando. Eu não gosto muito da ideia de ser ‘profeta’, mas a moda nos dá essa chance às vezes e é bem assustador.”
Antídoto
O antídoto serve para várias colocações, inclusive para animar a gente, para que a moda seja sempre o antídoto para a depressão, para as coisas ruins, para o pessimismo, para que possa sempre encantar as pessoas .
“A próxima história que a gente começa a contar chama-se “Antídoto”. Somos 10 pesquisadores e construímos toda essa pesquisa via Instagram, que foi nossa janela para o mundo. Ficamos observando as pessoas, o que faziam, o que falavam e percebemos muito claramente, por exemplo, a importância da natureza, os aprendizados em casa, como cozinhar, cortar o cabelo, fazer pão, ter fé. Vimos muitas expressões de fé. Vimos a biotecnologia, porque todo mundo quer entender como se proteger desse vírus. Entendemos que as matérias precisam de acabamentos e vão ter que ser mais fáceis de limpar. Vamos falar de higienização por muito tempo e foi daí que construímos toda perspectiva incrível da ideia do “Antidoto”. É criar uma situação de otimismo e força que a nossa indústria precisa para passar por esse momento terrível que estamos vivendo.”
Moda viva
“Durante o estudo, um dos pesquisadores, Rodrigo Cesário, disse a palavra “Antídoto”. Quando escutei, logo pensei que a ideia era muito importante para esse momento. A tecnologia hoje é o antídoto para as empresas, pois necessitam dela para sobreviver. A sustentabilidade é o antídoto para criar uma indústria mais ágil, visível, importante e transparente. O antídoto serve para várias colocações, inclusive para animar a gente, para que a moda seja sempre o antídoto para a depressão, para as coisas ruins, para o pessimismo, para que possa sempre encantar as pessoas. A moda realmente é um órgão, ela é viva.”
Lição da pandemia
“A pandemia deixa aprendizados gigantescos. Não gosto da expressão “novo normal”, até porque está tudo normal, não acho nada de diferente. Também não acho que ninguém vai sair da pandemia bonzinho. Vamos sair todos iluminados? Não. Vamos continuar humanos do mesmo jeito que sempre fomos, só que alguns vão estar melhores. Eu acho que o aprendizado que vamos ter é prestar atenção no outro. Esse é o ponto fundamental da nossa vivência nesse momento. Tem sido um aprendizado constante: o uso da máscara, a percepção do cuidado com o outro próximo e com quem a gente não conhece. Ao mesmo tempo, entendo que ficar preso dentro de uma situação de pandemia vai criar fluxos muito interessantes de percepções, que é o que estamos usando no “Antídoto”. Vamos usar um lente macro. Tudo aquilo que passava despercebido da gente vai ter um aspecto muito mais interessante, mais novo. Por exemplo, quem nunca lavou roupa, começou a lavar. Dessa forma, vai cuidar melhor daquela peça.”
Blusa e pijama
“Se eu fiquei em casa, posso estar com a parte de baixo de um pijama e, na parte de cima, caso tenha reunião com o meu chefe, uso uma blusa, camisa ou até algo mais arrumado, mas o tênis é mais velho e confortável. Essas noções de transformações de sentido e de percepção do que nós somos e de que necessitamos de mais conforto são imprescindíveis. Ouvi dados muito importantes da indústria de lingerie, por exemplo, de que as mulheres não estão usando sutiã. Algumas pessoas têm por questões físicas, mas outras que usavam para se sentir mais seguras, a partir da pandemia, por ficar em casa, excluíram esse item do seu armário, de seu uso diário, fazendo assim com que indústria do lingerie tenha que repensar o tal sutiã.”
Proteção
“Há mudanças muito interessantes acontecendo nisso tudo, sem contar as tecnologias, nas compras online. Quando a pessoa faz uma pesquisa, na realidade está se posicionado no mundo. E todos esses dados vão ser usados para você. Há uma mudança de percepção muito grande na relação do conforto, na relação de produtos que protegem. Em relação às marcas, é necessário ter um storytelling, um propósito, ser transparente. A marca pode iniciar um projeto de práticas sustentáveis porque é necessário, seu consumidor vai pedir isso logo mais, mas tem que oferecer um produto encantador. Por quê? Porque são bilhões de ofertas, é possível clicar aqui no telefone e comprar coisas do mundo inteiro. A marca precisa falar com o consumidor diretamente, precisa conhecê-lo, entendê-lo. Tem que ter uma conexão humana com ele. A relação marca com o consumidor mudou. Não se trata apenas de um usuário, mas de um fã. Há uma relação muito mais poderosa e forte com relação a isso.”
Produto necessário
“Antes, a gente dizia: ‘Uau, eu não posso viver sem mais isso’. E a pessoa tinha três iguais. Ela achava que precisava comprar, até porque você tinha dinheiro para isso. Nesse momento em que todo mundo está muito preocupado e inseguro com o futuro, além de encantador, o produto tem que ser necessário. As marcas vão ter que entender, através de um olhar muito importante para o seu consumidor, o que realmente esse cara precisa. Por exemplo, não vai precisar mais de terno porque as reuniões acabaram, estamos fazendo reunião em casa. Aquele executivo, advogado, aquela mulher que usava paletó, não está mais usando isso porque nem combina usar um paletó para falar dentro da minha casa.”
Homewear
“A pessoa vai usar algo mais arrumado. Assim, vou vender mais brinco, colar, óculos porque o que aparece nosso está no rosto. Vamos ter um avanço na indústria do homewear, ao mesmo tempo, não teremos tanto casacos, sobretudos, porque não estamos indo para fora. A roupa se volta para dentro da casa. A gente tem que analisar todas essas situações que estão dentro da minha vida, dentro da sua vida. Só que não prestamos atenção nisso porque é tão cotidiano, tão automático. A minha função é sair do automático, é olhar para vocês e dizer: aqui tem um dado interessante, vamos aprofundar esse olhar.”
Sobrevivência híbrida
“Acredito que teremos uma sobrevivência hibrida o tempo todo. Não interessa mais um escritório na avenida Paulista com uma sala grande, cheia de vidro. O mais importante é permanecer vivo. Não sabemos se vamos ter outra onda de Covid até termos uma vacina. A velocidade com que o vírus se propagou foi justamente porque as pessoas estavam em trânsito. Acho que vamos continuar tendo evento híbridos. Vamos voltar a ter ter eventos presenciais, voltar a ter festa, a ter tapetes vermelhos, mas vamos ter que ter um tempo para nos sentir seguros.”
Economia
“Estamos vendo redução de gastos com o trabalho em casa. Trata-se de uma economia drástica com essa ideia de que as pessoas podem trabalhar de casa. Só que nunca ninguém pensou nisso. Na realidade. imaginávamos que em casa, a pessoa não iria cumprir horário, que não faria as entregas. E aprendemos que somos responsáveis e somos capazes de cumprir prazos, porque se não entregamos, não recebemos o nosso salário. Esse vírus mostrou da maneira mais torpe que realmente estamos no século 21 e que as relações a partir de agora vão ser humanas, olho no olho como estamos fazendo aqui, mesmo através de uma tela de plasma.”
Época de estilista
“Depois que fechei minha marca, recebi dois convites irrecusáveis, da Alcaçuz e da Spezzato, para criar coleções para esse meu olhar direcionado para a peça. Um dos pontos altos do meu trabalho é que conheci pessoas incríveis e tive oportunidade de vestir, as mulheres mais lindas do meu tempo. Eu casei a Eliana, Ana Maria Braga, Patrícia Poeta, Sandra Annenberg. Maria Fernanda Cândido e tantas outras mulheres incríveis,. Sinto falta mesmo da minha equipe, das pessoas que costuravam, dos meus assistentes. Continuo chamando-os de filho e eles estão pelo mundo. Fico muito orgulhoso, pois são estilistas respeitados, são professores na universidade. Tenho muita saudade dessas pessoas, mas daquela neurose de fazer a coleção, de ter que vender, não tenho saudade nenhuma não. Sou muito mais feliz hoje.”
Racismo
“Tem uma coisa que é muito importante na minha vida. Sempre fui gay, então fui um excluído na maior parte das vezes. Era o esquisito na minha cidade do interior, sempre fui uma minoria. Nunca tive magoas ou problemas com isso. Fui sempre muito autêntico, mas sempre entendi a dificuldade das minorias. Em 2010, fiz um desfile só com modelos negras. Precisava de 25 e não conseguia encontrar. Tínhamos 11 no Rio de Janeiro e tive que levar as 14 outras de São Paulo para complementar o casting. Já se falava muito dessa desvalorização da questão preta no Brasil que eu acho muito importante abordar. Temos 54% da nossa população afrodescendente. É preciso ter consciência disso. Somos ridículos e é muita hipocrisia. Eles têm que ser inclusos. Não é só uma questão de gênero. Não é só a questão de você querer ser quem você é. É prestar atenção a uma questão realmente importante. Trata-se da inclusão de pessoas que estão do seu lado. Estão vivendo uma vida parecida com a sua e de certa forma estão excluídos. Quando fiz aquele desfile tinha uma história muito importante por trás. Eu estava trabalhando em Quipapá, Pernambuco, vizinho de Palmares onde existia o Quilombo de Palmares. O desfile tratava de uma África, não uma África colorida, mas uma África triste e pesada.”
Pessoas importam
“Eu não faço isso por apologia, eu acredito realmente nisso. Tenho respeito não só pela ideia dos afrodescendentes, mas por todos os outros que tem no seu sangue, nos seus olhos e expressões alguma coisa de diferente. Seja raça, qualquer tipo de distúrbio, de não se sentir confortável dentro do próprio corpo. Hoje estamos estamos discutindo mais a questão da gordofobia, por exemplo. Estamos vivendo em um tempo no qual as máscaras estão caindo, onde a hipocrisia está ficando cada vez mais apertada. É importante entender que roupa é para todo mundo. Meu amigo Jakson Araújo (estudioso de moda) diz: “Não é mais sobre roupas que temos que falar é sobre pessoas, são elas que nos interessa”.
Felicidade
Para mim isso sempre foi assim, sempre disse quando vocês jornalistas me perguntavam: o que você quer com a sua roupa? Eu quero que as pessoas sejam felizes com a minha roupa,. Essa era sempre a minha preocupação: deixar as pessoas bonitas e fazer com que elas valorizassem seu corpo, não importando a forma desse corpo. A costura serve para isso, para valorizar o que precisa ser valorizado, esconder o que as pessoas não querem mostrar. A base da costura verdadeira é essa. Então, eu sempre pratiquei isso. Aquele desfile (com as modelos negras) é histórico na minha visão, justamente porque aquelas meninas precisavam de visibilidade e hoje estão aí. como Laís Ribeiro, Gracie Carvalho, entre outras.
Acervo pessoal
“Me considero um acumulador. Não tenho apenas acervos de roupas criadas por mim. Durante vários períodos da minha vida, fiz muitas aquisições importantes. Tenho um média de 120 Thierry Mugler, que era um dos caras que mais admirava. Tenho mais de 80 peças de Yves Saint Laurent. Tenho também Christian Dior, John Galliano, vários estilistas japoneses. Só que nesse país em que não há nenhum tipo de apoio para nada, tenho uma preocupação gigantesca com todo esse acervo. Tenho revistas organizadas por data desde 1986, quando comecei a coleção. Está quase tudo em São Paulo. Aqui em Caxias, tenho um arquivo gigante da etnia nômade chinesa Miao. Fui colecionado as roupas deles durante muitos anos. Também possuo um arquivo enorme de roupas de baixo dos anos 1920 em diante, muita lingerie feita à mão de cambraia. Quando falamos em acervo pessoal, dá um frio na barriga, porque inclui sapato, bolsa, coleção, bijuterias, tudo que foi feito para meus desfiles. Dá para montar um desfile praticamente inteiro”.