SPFW: jovens talentos inovam com látex, sacolas e plástico

Desfile do Projeto Estufa (Foto: Francisco Cepeda/AgNews)
Desfile do Projeto Estufa (Foto: Francisco Cepeda/AgNews)

A 3ª edição do Projeto Estufa, que busca discutir o futuro-atual da moda, por meio de palestras e talk-shows, além de abrir espaço para jovens estilistas, terminou nesta quinta-feira (18) com as apresentações das marcas Aluf e Lucas Leão. Desde terça (15), desfilaram Korshi, Ão, Victor Hugo Mattos e Mipinta. Com estilos e propostas diferentes, cada um traz o novo, seja em uso de materiais e em propostas. Claro que algumas tendências são revisitadas nos looks de passarela, sempre com um olhar aqui e ali diferenciado.

O SPFW, que ano que vem completa 25 anos, faz uma de suas edições mais enxutas, com 26 desfiles, sendo seis desses novos estilistas, e sem alguns nomes fortes, como Ronaldo Fraga, Amir Slama, além de outros que desceram do bonde há algumas temporadas. Num momento como este, é mais do que inspirador ver esses jovens mostrando moda com inspiração e técnica, mesmo sem fazer parte do mainstream fashion brasileiro (se é que isso existe).

Nos seis desfiles, várias boas ideias. Confira:

Korshi

Korshi (Fotos: Francisco Cepeda/AgNews)
Korshi (Fotos: Francisco Cepeda/AgNews)

A grife levou para a passarela uma seleção de looks criados por Pedro Korshi, que se traduz em roupas multiuso. Trata-se de macacões que viram vestidos, casacos, capas. Há casacos que têm até nove funções. Tira-se uma manga, uma gola, a parte baixo e assim vai. Em época de moda consciente, um ótima iniciativa, que já nasceu junto com a marca.

Ão

Ão (Fotos: Francisco Cepeda/AgNews)
Ão (Fotos: Francisco Cepeda/AgNews)

A grife que tem nome superlativo (Ão) trabalhou com látex para fazer uma analogia à pele, em modelagens amplas. Em colaboração com a artista Raphaela Melsohn, as peças vinham como uma extensão do corpo. Isso porque a diretora criativa Marina Dalgalarrondo quis mostrar uma distorção da silhueta, a partir da modificação dos corpo humano. Bodybuilders, procedimentos cirúrgicos e corpos trans apareciam na passarela, com as modelos ostentando sorrisos nervosos e congelados.

O efeito do látex deixava as peças como que líquidas nos corpos e cabelos untados com gel. Para dar um contraponto, tecidos franzidos com lástex, elásticos colocados em espaços pequenos, além de babados e modelos fora dos padrões estabelecidos pelas passarelas.

Victor Hugo Mattos

Victor Hugo Mattos (Fotos: Francisco Cepeda/AgNews)
Victor Hugo Mattos (Fotos: Francisco Cepeda/AgNews)

Victor Hugo Mattos levou para seu terceiro desfile dentro do Projeto Estufa uma coleção mais limpa que a anterior, mas sem deixar de ser barroca. Penduricalhos como pingente de acrílicos, vidros, pérolas, metais e cristais enfeitavam peças sensuais de crochê e outras em alfaiataria, como paletós, calças e trench-coats. O trabalho manual, como o crochê e o macramê, tem sido muito valorizado nas apresentações.

Mipinta

Mipinta (Fotos: Francisco Cepeda/AgNews)
Mipinta (Fotos: Francisco Cepeda/AgNews)

A grife Mipinta, que também gosta de trabalhar com material reciclado, pensou em meninos que voltam da balada, enquanto todo mundo vai pro trabalho. Eles vêm suados e com looks feitos até com panfletos grudados no tecido, e com sacolas de náilon.

O brilho não podia faltar nessa ideia, assim coletes sobrepostos e brincos confeccionados com strass, por Eduardo Caires, traziam o glamour pós-balada ainda intocado nos looks. Alguns ainda vinham com grafitados e com duas calças costuradas uma sobre as outras. As sacolas de náilon, da Sacola Tropical – projeto de geração de trabalho e renda do Instituto Rampa, com moradores de comunidades de São Paulo -, se transformavam em malas, bolsas e até jaquetas oversized. “Quando as sacolas chegaram, para serem distribuídas como brinde, resolvi montar essas peças”, disse Pedro, lembrando que isso foi feito um dia antes do desfile.

Aluf

Aluf (Fotos: Francisco Cepeda/AgNews)
Aluf (Fotos: Francisco Cepeda/AgNews)

A marca Aluf, de Ana Luisa Fernandes, trouxe silhuetas de alfaiataria em matérias que misturam o linho e a poliamida (natural com sintético), em peças com silhuetas que remetem a balões, com ênfase nos quadris, nos ombros e em roletês grandes entre o corpo e a saia baixa de vestidos.

O upycicling veio representado por fibras recicladas, que formavam xadrez e pelo plástico reutilizado a partir de sobras do ateliê da estilista e de doações de parceiros. Viravam capas, mangas, babados.

Lucas Leão

Lucas Leão (Fotos: Francisco Cepeda/AgNews)
Lucas Leão (Fotos: Francisco Cepeda/AgNews)

As peças multifuncionais e utilitárias também fizeram parte do desfile que fechou o Projeto Estufa. Jaquetas, coletes, calças vinham em tamanho oversized, partindo do bege, passando por azuis até chegar a explosão de cores, em estampas digitais e em looks neon. O futuro de agora proposto pelo projeto veio por meio de roupas criadas em realidade aumentada, com desenvolvimento virtual das peças. Novos ares, novas modas.

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