Por Rosângela Espinossi
Não tem como não se maravilhar com as criações da carioca Isabela Capeto. Ela, que adora bordar e trabalhar com as mãos, fez uma trabalho de consultoria no Cariri Cearense, considerado o Oásis do Sertão, e de lá trouxe sua inspiração para o desfile apresentado na Sala Niemeyer, no último andar da Bienal. Nesta passarela sobre o cimento, a estilista trouxe ricos bordados à mão, aproveitou as estampas da chita, aplicou aviamentos, colocou brilho, apostou em cores que vão do couro cru, passando pelo rosa-calor, café, marinho, vermelho e preto, para criar suas peças ricamente trabalhadas. A modelo transexual Valentina Sampaio foi um dos destaques da passarela.
No material de divulgação, Isabela escreve que “a brasilidade de fazer à mão em detalhes, bordados e aviamento resgata a identidade local e leva o olhar para um passeio por sítios arqueológicos, casarios e fachadas, assim como pela cultura manufatureira.” O trabalho dela é sempre assim, um detalhe aqui, um bordado ali.
E nesta edição do São Paulo Fashion Week não foi diferente, ela trouxe tiras de fios com pingentes pendurados, casacos, saias vestidos com estampas de flores. E, como não poderia deixar de ser, babados. Se esse detalhe é tendência agora, é também um velho conhecido da estilista. Ela mostrou saias com babados de tecidos e estampas diferentes, num patchwork gostoso e bem brasileiro. E ao mesmo tempo chique e atemporal.
Galhos enfeitavam a cabeça das modelos, numa referência ao sertão do Ceará, assim como as cores mais de terra remetiam à região. Mas uma maquiagem mais alegre, com rosa, acendia os looks. O pink também apareceu em várias peças, inclusive nas vazadas. Transparências escuras, casacos e casaquetos também comparecem na coleção de Isabela.