Por Rosângela Espinossi
A 42ª edição do SPFW terminou após 26 desfiles espalhados entre algumas locações da cidade e a única sala armada atrás do Museu Afro-Brasileiro, no Parque do Ibirapuera. Num formato híbrido, para as marcas se adaptarem à nova forma de vendas – o see now buy now (veja agora, compre agora) – o espaço onde ocorre o evento também vem mais enxuto e, diga-se de passagem, bem mais fácil para quem trabalha na cobertura: sem tanta correria e distâncias absurdas entre sala passarela, backstage e sala de imprensa.
Não dá para cravar tendências para verão, outono ou inverno, como acontecia no estilo antigo. Houve quem desfilou outono-inverno, houve quem desfilou verão/alto-verão, para venda imediata. Houve também desfiles que transcendem qualquer estação para ir além da moda e se posicionar de forma política, como Ronaldo Fraga, com todos os modelos transgêneros; e a Lab, do rapper Emicida e de seu irmão Evandro Fióti, que fez uma passarela predominantemente de negros, gordos ou fora do padrão dominante em semanas de moda.
Ambos apontando caminhos, mais do que tendências, para se pensar a moda. Sim, ela pode e deve ser feita para todos, independentemente de raça, condição social e peso na balança. E mais: a reflexão sobre o momento de intolerância e ideias polarizadas, como o que vivemos atualmente, cabe em qualquer modelagem, tecido ou textura fashion. É mais do que modinha passageira. É uma questão de estilo e atitude. Afinal, respeito é o melhor sinônimo de elegância que qualquer pessoa pode vestir. Sim, é uma questão de transformação, seja na forma de venda e produção, seja na forma de encarar e lutar contra os preconceitos.
Isso colocado, vamos às principais ideias fashion mostradas na semana de moda paulista:
Nada justo
A marca francesa Vêtements começou a mostrar uma silhueta largona, oversized, ampla, desconstruída para homens e mulheres há algumas temporadas. O mundo fashion olhou a novidade e começou a assimilar. Não deu outra. Praticamente todas as grifes desfiladas vieram com silhueta larga, ampla, grande, sem marcar forma ou corpo. Sim, vai pegar!!!
De calças largas
Se você tem skinny, ótimo. Mas pode alternar o uso com modelos tipo baggy e clochards. Direto dos anos 80 e 90, elas voltam por conta da tendência de peças amplas citadas acima. O modelo baggy é aquele com prega na frente, cintura alta e barra mais afunilada, A clochard (do francês, mendigo) tem a modelagem larga, presa na cintura por um cinto ou faixa, deixando o cós franzido. Mas atenção: o estilo pode ampliar quadril e achatar a silhueta. E, sim, as pantalonas, mais compridas ou as pantacourts também deram as caras.
Alfaiataria desconstruída
O conceito do “nada justo” entra também na alfaiataria, seja calças (como as citadas acima), seja nas camisas. Aliás, camisas masculinas, de preferência brancas, mas não só, são peças que desfilaram em praticamente todas as passarelas. Não na modelagem normal, careta. A alfaiataria vem desconstruída, principalmente com mangas largas e compridas, bem compridas. São também transformadas em tops ou com mangas e golas deslocadas.
Moletom
Peças esportivas vêm se impondo entre as tendências. E vai ficar por muito tempo. É um retorno aos anos 90. A tradução nas passarelas e, por consequência, nas araras das lojas, vem a reboque das formas amplas nos moletons. Muitos moletons, moletons, moletons, que traz conforto, conforto, conforto.
Estampas
Para o verão ou o próximo inverno, o quesito estampa vem recheado de xadrezes, listras e algumas imagens botânicas, como folhas. O melhor é que podem ser usados juntas e misturadas num mesmo look. As listras vêm bicolores, mais finas ou até sinuosas. E em todas as direções: verticais, horizontais e diagonais.
Cartela de cores
Como é uma semana que mescla frio e calor, há tanto cores ensolaradas, como amarelos, coral, mostarda e avermelhados, quanto mais fechadas, como verde-oliva e marsala. Tons pastel, como rosa, azul e verde, surgiram aqui e ali. Mas a unanimidade para verão ou inverno é o branco e, claro, o sempre presente preto.
Metalizados
Quer brilhar, então vista uma peça metalizada, especialmente prata, ouro ou cobre. Mas também pode apostar em lamê colorido, como vermelho e rosa. As peças entram para roupas mais sofisticadas e também de forma muito legal, nos looks despojados e esportivos.
Adereços
Várias e várias grifes colocaram em suas peças ilhoses, ferragens, fivelas que servem para amarrar, enfeitar e dar um toque extra às roupas. Um furinho aqui, uma cordinha ali, um vazado acolá. Fica a dica: se você tem aquela roupa vintage que ama, mas quer dar uma remodelada, aposte nos detalhes acima. É tendência. É bacana.
Babados
Eles estão aí já há algum tempo. Não são novidades, mas garantem lugar privilegiado nas próximas temporadas. Vêm nas blusinhas e saias mais fresquinhas para verão, ou em vestidos, casacos, paletós para o inverno. Lembrando: babado sempre amplia o local onde está. Então, se quiser entrar na tendência, veja bem onde você vai colocar o recurso.
De ombros
Outra tendência que não é novinha em folha, mas que foi muito vista nos desfiles do SPFW foram os ombros à mostra. Se você comprou uma peça assim, não vai se arrepender. E pode comprar outras se gostar. Fica a dica: dependendo do modelo, não dá para usar sutiã com alça. Por isso, veja se seus seios sustentam o modelito.
Pé no chão
Slides, flat ou chinelo mesmo. As grifes de moda praia ou até outras que desfilaram inverno mostraram chinelos de solado reto, com tiras ou que cobrem todo o peito do pé. É a onda do conforto que chega também a seus pés.