Michelle Obama fez um discurso estonteante na última segunda-feira quando Hillary Clinton foi indicada como candidata à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Democrata, para tentar suceder Barack Obama na chefia do país. A atual primeira-dama sempre foi ativa nos assuntos de saúde, alimentação saudável, principalmente para as crianças,empoderamento feminino, entre outros. E também trabalhou muito para se apresentar ao mundo com roupas feitas por estilistas americanos ou que tenham suas grifes sediadas nos Estados Unidos, fomentando a indústria fashion do país, muitas vezes esquecida por quem ocupa o cargo como ela, mesmo em outros países.
E ela escolhe a dedo os estilistas. Na última segunda-feira, usou um vestido azul-royal (lembrando que azul é cor do partido) feito por Christian Siriano, vencedor do Project Runway de 2008 e membro do Council of Fashion Designers of America (CFDA). Michelle não acertou apenas nas frases fortes do discurso (“Eu acordo todas as manhãs em uma casa que foi construída por escravos e olho minhas filhas, duas lindas, inteligentes, jovens negras, brincando com os cachorros no jardim da Casa Branca”), mas também na escolha do estilista. Siriano tem, por exemplo, uma parceria com Lana Bryant, especializada em tamanhos grandes, e em maio participou da Cúpula de Empoderamento das Mulheres, mostrando peças para mulheres de diferentes formas e raças.
O acerto de Michelle foi ainda maior ao eleger o vestido de uma cor só, que sempre ajuda a alongar a silhueta, com dorso mais justo e saia levemente franzida, marcando a silhueta. Para completar, usou escarpim prata. Logo quando Obama ganhou as eleições, assumindo o poder em 20 de janeiro de 2009, já se especulava se Michelle teria o mesmo papel desempenhado por Jackie Kennedy no circuito fashion. Teve e tem, afinal o mandato do marido só termina quando o próximo presidente tomar posse, em janeiro de 2017. Mas foi muito mais além.
Nos anos 60, quando Jacqueline Kennedy ocupava o cargo, o papel das mulheres ainda não era relevante dentro das paredes da Casa Branca. De qualquer forma, seu estilo foi copiado mundo afora, tanto com os modelos criados por Oleg Cassini (estilista francês naturalizado americano) quanto com os famosos tailleurs da Chanel, como o modelo rosa que vestia quando John Kennedy foi assassinado. A diferença entre as duas é que Michelle vai deixar uma marca que transcende o fashion, mesmo que esse lado não possa ser relegado. E vai deixar também como exemplo o fato de que mulheres podem e devem se vestir bem, de forma feminina e elegante, sem necessariamente ser recatada e do lar.
Fotos: Reprodução
Michael Kors, Reed Krakoff, Naaem Khan, Thom Browne, J. Crew, Prabal Gurung, Sophie Theallet e Talbots.