A Dior levou para o Japão seu desfile da pré-coleção outono 2025. No jardim do histórico Templo Toji, em Kyoto, as modelos entravam com variações do quimono, além de vestido, calças e casacos, entre as flores de cerejeiras (sakura), criando um verdadeiro cenário de contos de fadas japonês.

Na plateia, uma representante brasileira, a atriz Isabelle Drummond, que está no país há alguns dias, aproveitando para comemorar seu aniversário de 31 anos, completados no sábado (12). Na fila A, também estavam Deva Cassel, filha de Vincent Cassel e Monica Bellucci, e a ex-top model Elle Macpherson.

Maria Grazia Chiuri provou por A + B que sabe explorar os hábitos de vestuário das culturas do mundo e da própria história da maison francesa, uma vez que o próprio estilista Christian Dior tinha vínculos com a cultura japonesa desde criança.

“Grandes painéis pintados com base em gravuras japonesas decoravam a escadaria até o teto. Essas interpretações de Utamaro e Hokusai compunham minha Capela Sistina. Lembro-me de contemplá-las por horas…”, diz Christian Dior ao descrever, em suas memórias, o térreo da villa Les Rhumbs, em Granville, na França.

Para a coleção outono-inverno 1952 da Christian Dior-Nova York, um de seus vestidos foi batizado de Tóquio. Um ano depois, criou o conjunto de alta-costura primavera-verão 1953, intitulado Jardim Japonês, que apresentava um motivo de pássaro em uma cerejeira em flor.

No ano seguinte, desenhou um traje de brocado japonês chamado Outamaro, confeccionado com tecidos da Tatsumura Têxtil, s históricas oficinas de tecelagem de seda jacquard fundadas em Kyoto em 1894.

Dior foi o primeiro estilista a fazer desfiles no Japão, em 1953, e também autorizou confecções do pais oriental a desenvolver peças a partir de seus próprios moldes, adaptados ao estilo das mulheres japonesas que adotaram o visual Dior.

Resgatando essa tradição, diretora criativa italiana, que está na casa desde 2016, pensou em várias versões do quimono e também nas peças do outono-inverno de 1957, ano da morte do criador da casa: o Diortpaetot e o Diorcoat, concebidos para serem usados sobre um quimono, respeitando sua forma.

“Foi assim que surgiram casacos soltos e envolventes, às vezes com cinto: peças preciosas, tanto pelo tecido – a seda – quanto pelo esboço de um jardim japonês que acompanha a silhueta”, explicou o material de divulgação da coleção.

“As calças largas e as saias longas ondulam a cada passo e movimento. É uma coleção metamórfica onde o preto permanece intenso e profundo; onde a narrativa fascinante dos motivos florais se torna uma estampa por si só; onde uma incrustação bordada dourada expressa o desejo maravilhoso que tantas vezes permeia a moda e seus criadores”, continuou o texto.

Como homenagem à colaboração estabelecida e desenvolvida desde 1954 entre Christian Dior e Tatsumura Textile – a coleção trouxe ainda silhuetas envolvidas nos tecidos emblemáticos, algumas com os mesmos motivos selecionados pelo costureiro-fundador para seus próprios designs há mais de 70 anos.

Entre as estampas buscadas nos arquivos da casa, está a que floresce no traje Jardim Japonês (Japanese Garden), da primavera-verão 1953, feitas agora pelo mestre tingidor de quimonos Tabata Kihachi, que revisitou o desenho da flor de cerejeira com sua própria composição e técnica única, destacando assim a atemporalidade cativante da Kyo-Yuzen, técnica de tingimento tradicional japonesa que envolve a pintura de desenhos diretamente no tecido, muito usada para tingir quimonos.

