Estilista faz seu 1º desfile após luto: “Passar a vida a limpo”

O estilista Augusto Paz, que abriu seu ateliê há três anos, fez seu primeiro desfile na noire desta quinta-feira (15), em São Paulo, mostrando uma coleção passional e rica em detalhes. A ideia de criar e apresentar essa coleção, com 22 looks, veio após a morte de uma amiga no ano passado. “Quando a gente está tão próximo da morte, precisa passar a vida a limpo. Daí nasceu a coleção que se chama ‘Aqui Jaz Augusto Paz’”, explicou.

Vivi Orth no desfile de Augusto Paz (Foto: Zé Takahashi)
Vivi Orth no desfile de Augusto Paz (Foto: Zé Takahashi)

Com modelagem inspirada nas vestimentas das espanholas, com toda sua verve dramática, os vestidos, longos e curtos, dominaram a coleção toda em branco, preto, vermelho e rosa.

Vestido com frase bordada (Foto: Zé Takahashi)
Vestido com frase bordada (Foto: Zé Takahashi)

E como ele mesmo disse, a inspiração foi no luto, mas com um toque de brincadeira, como nas frases bordadas, que pareciam dizerem escritos em lápide. Uma delas era: “Hice lo que pude” (Fiz o que pude).

Crisântemos de crochê aplicados no lomgo preto (Foto: Zé Takahashi)
Crisântemos de crochê aplicados no lomgo preto (Foto: Zé Takahashi)

O trabalho de bordado e crochê dominaram os looks. O crochê, que também apareceu em  formato de crisântemos, faz parte do DNA do jovem, que já trabalhou como redator sites de moda e na área de comunicação digital em grandes nomes do varejo, como Dafiti, Renner e Hering. Depois de um esgotamento físico e mental por conta do trabalho no mundo corporativo, resolveu retornar ao crochê, que aprendeu om sua avó aos 8 anos de idade. Abriu seu ateliê no Conjunto Nacional, na avenida Paulista, em São Paulo, mas as clientes começaram a pedir também vestidos de festa e noite em tecido plano. Além de crocheteiro, Augusto Paz também é formado em modelagem e costura pelo Senai.

Jaqueta oversized com pala de crochê estruturada (Foto: Zé Takahashi)
Jaqueta oversized com pala de crochê estruturada (Foto: Zé Takahashi)

E o resultado de seu savoir-faire foi visto no desfile. Hoje, uma crocheteira e oficinas de costuras produzem suas peças sob medida. “Eu prefiro dizer que o que apresentei aqui não é uma coleção, mas um mostruário. Isso porque, a partir das peças, eu e a cliente podemos criar outras ou modificá-las até chegar a um novo produto final que agrade a todos”.

Vestido e chapéu de crochê de Augusto Paz (Foto: Zé Takahashi)
Vestido e chapéu de crochê de Augusto Paz (Foto: Zé Takahashi)

Entre os destaques da coleção estão as peças feitas totalmente em crochê estruturado, como o vestido branco usado com chapéu semicircular que lembram acessórios orientais ou ainda as palas, barras e ombros que enfeitam jaquetas oversized e vestidos.

Vestido com 1,5 mil tasseis e manga de crochê (Foto: Zé Takahashi)
Vestido com 1,5 mil tasseis com decote e manga de crochê (Foto: Zé Takahashi)

O vestido com 1,5 mil aplicações de tassel, enfeites que lembram pingentes de cortina, veio ainda com saia em godê duplo e barbatana na barra, dando movimento à modelo que encerrou o desfile. A peça demorou 150 horas apenas para ser bordada, sem contar o trabalho anterior de montar um a um os tasseis antes de serem bordados. Ao todo, Augusto Paz usou 4 mil desses aviamentos em várias peças.

Aplicação que lembra queimadira de ferro de passar (Foto: Danilo Grimaldi)
Aplicação que lembra queimadira de ferro de passar (Foto: Danilo Grimaldi)

Outro detalhe que chamou a atenção ainda foram as aplicações em formato de queimadura de ferro de passar roupa, colocadas em algumas roupas. “É como se a cliente percebesse que algo deu errado, mas usasse assim mesmo, porque quando se tem estilo, nada dá errado”, afirmou Augusto.

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