A 56ª edição do SPFW terminou neste domingo no Komplexo Tempo, na Mooca, com Camila Queiroz na passarela da grife Bold Strap. O dia começou com a comemoração de 45 anos da grife do estilista Lino Villaventura, no Shopping Iguatemi. Depois, o “circo fashion” foi para a Mooca. O primeiro desfile de lá foi da grife LED, de Celso Dias, com a deputada trans Erika Hilton. No fim, Camila Queiroz encerrou o evento para a Bold Strap com os looks sensuais e fetichistas da marca. Tanto a Led quanto a Bold Strap levaram modelos com corpos reais e com looks agêneros, provando que a inclusão é uma das principais tendências do momento.
O domingo teve ainda as apresentações de Lucas Leão, Heloisa Faria e Geferson Villa Nova, que exibiram looks de alfaiataraia bem feita, para homens e mulheres. Helô deu ainda um toque de romantismo, com looks feitos de renda de vestidos antigos. Confira.
Lino Villaventura
Lino Villaventura abriu o último dia do SPFW celebrando os 45 anos de sua marca. Mas nada de usar looks históricos. Em três meses, o estilista produziu os 75 looks femininos e masculinos exclusivamente para a apresentação. Fiel ao seu estilo, fez uma apresentação descontraída, mostrando que sabe mandar um recado também para o público jovem. Modelos com vestidos nervurados coloridos e curtos surgiam com meias e tênis de cores diferentes, vivas.
Depois, seus vestidos de festas, que também podem ser usados com tênis ou escarpim, bordados, manchados, com volumes desmanchados ou mais estruturados surgiam em linho, tecidos tecnológicos e náilon biodegradável, que desaparece depois de três meses de descarte. Também usados com meias coloridas, num styling alegre e sofisticados.
Os homens também vinham coloridos ou em cores básicas, como preto e branco, com meias sobrepostas de vários tons. Capas de náilon em tingimento ombré e de linho finalizavam vários looks. Na passarela, Sérgio Marrone, Armando Babaioff, o ex-BBB Gabriel Santana exibiam as criações do mestre.
LED
O mineiro Celso Dias faz uma moda política e contestadora desde que começou, há 10 anos, com a marca LED. Para comemorar essa década, reviu algumas criações, principalmente de crochê, além de voltar a pintar à mão algumas peças. Na passarela do SPFW, a deputada trans Erika Hilton abriu e fechou a apresentação. Iniciou com short, top e blazer com as inscrições “Abaixo o Macho Astral”, uma das frases usadas por Celso na história da grife. E fechou com vestido de crochê branco de pontos abertos.
Essa conexão é perfeita com o DNA da LED, que levou um casting diverso, como a cantora travesti Pepita, a modelo plus size Letticia Munniz. Vários outros representantes da comunidade LGBTQIA+ também passaram na passarela, incluindo um casal gay, com direito a beijo na boca.
Lucas Leão
Lucas Leão partiu da ideia do terno masculino, que mostra poder e controle, para fazer sua coleção com uma alfaiataria perfeita em modelagens mais largas, com enfeites aplicados e botões deslocados em alguns casos. Tem ainda a camisa que se transforma em vestido drapeado em ondas com aberturas que surpreendem ou tops feitos apenas com penduricalhos. A coleção se chama Ybyrá, que significa estruturas de raízes profundas em Tupi.
Heloísa Faria
Heloisa Faria recebeu vestidos da marca Pilar, de Andrea Garcia, que te ve seu auge nos anos 2000 a 2010, mas fechou há algum tempo. Para sua coleção “Tessituras”, que mergulha nas histórias da roupa, transformou os vestidos criando novas peças, que recebiam tecidos de outros vestidos garimpados. Teve também tricôs em fios de algodão e jeans em seu azul mais puro. O resultado são peças românticas e ao mesmo tempo urbanas que surgem para contar e viver novas histórias.
Gefferson Vila Nova
A alfaiataria decontraída do baiano Gefferson Vila Nova é leve e jovem, para todas as idades. Os ternos com shorts, as calças com bolsos frontais e peças feitas em piquê provam que a vestimenta masculina não precisa ser rígida nem muito estrutrurada. Nada mais perfeito para o clima tropical (palavra usada em algumas estampas) em que nós vivemos.
Boldstrap
A coleção se chama com que a Bold Strap encerrou o SPFW se chama “Bold Lesson” e traz como inspiração o universo dos anos 2000, traduzido na passagem do colegial para a universidade, em clima de “Gossip Girl” e “Meninas Malvadas”, com uma mistura de grunge e patricinhas. Camila Queiroz abriu o desfile com minissaia de pregas e colete, tendo como terceira peça casaco longo, peça-chave em vários desfiles. Para fechar, hot pants e corset com cadarço e detalhes pretos na região dos seios.
O clima Y2K vem com os cabelos com mechas coloridas, muito jeans, slip dress e o nome da marca aparecendo no cós de calcinhas e cuecas. Aliás, uma das tendências em alta daqueles anos, o recorte pélvico, apareceu também em vários looks, inclusive masculinos. A modelo plus size Letticia Munniz entrou no clima sensual da marca combody decotado e saia curta. O modelo trans Sam Porto também desfilou, com bermuda xadrez e sem camisa.