SPFW: Ponto Firme abre escola de crochê para ex-presidiários

O Projeto Ponto Firme, que trabalha com crochê feito por presidiários, deu um passo a mais na inserção de egressos do sistema prisional. O desfile que aconteceu nesta sexta-feira (19), marcou a abertura da Escola Ponto Firme, no Centro de São Paulo, ao lado da estação República do Metrô. O estilista e idealizador do projeto, Gustavo Silvestre, contou que a intenção agora é inserir as mulheres egressas das penitenciárias na confecção de peças feitas com a técnica.

Ponto Firme trabalha com crochê feito por presidiários (Foto: Rosângela Espinossi)
Ponto Firme trabalha com crochê feito por presidiários (Foto: Rosângela Espinossi)

O Ponto Firme trabalhava com presidiários da Penitenciária Desembargador Adriano Marrey, em Guarulhos (SP), desde 2015. Com a pandemia, o acesso ao local não foi mais permitido. Por isso, Gustavo passou a trabalhar com egressos. A penitenciária foi reaberta. Mas a inauguração do espaço amplia o trabalho e dá novas perspectivas às pessoas que já estão em liberdade em busca de uma colocação no mercado.

A coleção é batizada de "Bando", cuja etimologia significa pessoas banidas (Fotos: Rosângela Espinossi)
A coleção é batizada de “Bando”, cuja etimologia significa pessoas banidas (Fotos: Rosângela Espinossi)

A coleção é batizada de “Bando”, cuja etimologia significa pessoas banidas. “Percebemos que a palavra tem tudo a ver com a filosofia do projeto, que trabalha de alguma forma com pessoas banidas da sociedade”, afirmou Gustavo Silvestre. O trabalho de ressocialização com o crochê tem mostrado um refinamento cada vez maior na confecção das peças, únicas e que podem ser compradas pelas redes sociais do projeto. “Se a peça for vendida e a pessoa quiser uma parecida, é possível encomendar”, explicou Gustavo.

As roupas apresentadas ganham cores quentes e trabalhos com desenhos que lembram jacquards feitos à mão (Fotos: Rosângela Espinossi)
As roupas apresentadas ganham cores quentes e trabalhos com desenhos que lembram jacquards feitos à mão (Fotos: Rosângela Espinossi)

Alé, do clássico bege, as roupas apresentadas ganham cores quentes e trabalhos com desenhos que lembram jacquards feitos à mão. Pontos mais largos ou justos, como se feitos em teares, criam imagens de fim de tarde. Alguns trabalhos lembram rendas delicadas e são inseridos em camisetas amplas, como na foto de abre deste texto. Vestidos, túnicas, bermudas, regatas estão entre os trabalhos mostrados pelo Ponto Firme.

Destaque também para os bonés com inscrições e desenhos feitos por grupos de jovens de várias regiões de São Paulo, mostrando peças feitas com pontos fechados, que deixam os bonés estruturados. “Descobri esses garotos e achei sensacional”, contou Gustavo Silvestre.

Fernanda Yamamoto

Fernanda Yamamoto trabalhou em união com a comunidade autônoma Yuba, criada na década de 1930 por imigrantes japoneses em Mirandópolis, interior do Estado (Foto: Rosângela Espinossi)
Fernanda Yamamoto trabalhou em união com a comunidade autônoma Yuba, criada na década de 1930 por imigrantes japoneses em Mirandópolis, interior do Estado (Foto: Rosângela Espinossi)

A estilista Fernanda Yamamoto abriu a exposição Yama, no centro Cultural Vergueiro, em São Paulo, em união com a comunidade autônoma Yuba, criada na década de 1930 por imigrantes japoneses em Mirandópolis, interior do Estado. A estilista já havia trabalhado comeles em outros desfiles.

Agora, para apresentar a coleção, membros e descendentes da comunidade vestiram quimonos de espetáculos antigos e outros criados pela equipe da estilista, e cruzaram as rampas do espaço segurando comidas, instrumentos musicais, cerâmicas, brinquedos, que fazem ou fizeram parte da história da comunidade, representada numa sala do local.

Quimonos foram ressignificados e apresentados no local, além de outros novos, feitos de organza, seda e morim, tela de algodão usado no ateliê (Fotos: Rosângela Espinossi)
Quimonos foram ressignificados e apresentados no local, além de outros novos, feitos de organza, seda e morim, tela de algodão usado no ateliê (Fotos: Rosângela Espinossi)

A equipe de Fernanda pesquisou figurinos dos espetáculos antigos da comunidade e escolheu três quimonos feitos de sacos de algodão para armazenamento de ração de galinhas. Os quimonos eram nas cores rosa, verde e azul. Eles foram ressignificados e apresentados no local, além de outros novos, feitos de organza, seda e morim, tela de algodão usado no ateliê. No final, os “modelos” retiraram as peças e penduraram no espaço da exposição, como obras de arte.

 

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