Nascia há exatamente 138 a estilista Gabrielle Chanel, em Saumur, na França. Revolucionária, prática, sem exageros, a moda criada por Mademoiselle Chanel, que recebeu no começo do século 20, o apelido de Coco, por conta de uma música que cantava num cabaré em Moullins, onde vivia: “Qui qu’a vu Coco” (“Quem que viu Coco”). resiste até hoje. E mais: é cada vez mais atual e necessária.
Por isso, na data de aniversário, separamos 7 criações icônicas, que não perdem a validade nunca. Confira:
Marinière – O estilo navy marcou as criações da estilista durante a abertura de sua loja no balneário Deuaville, na Normandia, em que se inspirou nas roupas dos marinheiros, que já eram feitas perto de lá, desde o século 18. A loja foi aberta em 1912 e em 1913, o estilo navy conheceu seu auge.
Calça pantalona – Dentro desse universo prático e confortável, Chanel também criou em 1926 a calça pantalona. Muita gente atribui a ela a “invenção” da calça comprida masculina, mas o estilista Paul Poiret já tinha lançado antes, no começo do século 20, modelo tipo odalisca, que, segundo o professor e historiador de moda, João Braga, não teve muita aceitação na época. Maria Antonieta também já tinha sido vista usando calças para cavalgar.
Pretinho básico – Em 1926, Chanel usou um vestido preto, básico, de corte reto e mangas compridas, ornado apenas com colar de pérolas. O preto era permitido somente em luto e por criados. Conta-se que Chanel já tinha usado vestido assim quando seu grande amor, o inglês Boy Chapel, morreu em um acidente de carro em 1919. O fato é que o pretinho básico virou o que é até hoje. Aquela peça básica e eterna.
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Chanel Nº 5 – O icônico perfume, lançado em maio de 1921, ou seja, há 100 anos, é tido como o mais vendido do mundo. Revolucionário em vários sentidos, foi o primeiro a ter em sua composição mais de 80 substâncias e ser apresentado em um frasco reto, de forma geométrica, transparente. O recipiente original, olhado de cima, tem a forma da famosa Place Vandôme, onde está o Hotel Ritz, local em que Chanel viveu por mais de 30 anos e onde morreu em 10 de janeiro de 1971. Chanel queria “um perfume de mulher com cheiro de mulher”. Nos anos 1950, a publicidade espontânea criada por Marilyn Monroe, ao dizer à revista “Life” que dormia apenas com algumas gotas do Chanel Nº 5 alavancou ainda mais as vendas. Conta-se que a estilista escolheu a amostra número 5 criada pelo perfumista Ernest Beaux. Mas o 5 era também o número de sorte de Chanel.
Bolsa 2.55 – Depois de fechar seu ateliê em 1939, por conta da guerra, e reabri-lo 15 anos depois, em 1954, aos 71 anos, Chanel lançou em fevereiro de 1955, a bolsa chamada 2.55, nome que faz referência ao mês e ao ano de lançamento da peça. O modelo matelassado veio com um detalhe até então inexistente nos acessórios: as alças. As bolsas eram levadas na mão, mas Chanel colocou a famosa alça dourada exatamente para ter os braços e as mãos livres.
Sapato bicolor – A criação do sapato bicolor não foi em vão. O couro bege foi pensado para alongar a perna, já a ponteira preta foi colocada para fazer o pé parecer menor. O mestre sapateiro Massaro adicionou a fita elástica ao calcanhar aberto para maior conforto de quem usa. Perfeito até hoje, o sapato foi lançado em 1957.
O tailleur – O flerte com o guarda-roupa masculino sempre foi evidente em Coco Chanel, desde o começo da carreira e seus primeiros namorados. Ela pegava roupas de Ettiene Balsan e de Boy Chapel e adaptava para seu uso. Em 1956, lançou oficialmente o tailleur, com o casaquinho curto e a saia reta de tweed gansé, tecido de lã grossa tramada na Escócia. Antes, nos anos 1930, por influência de outro de seu namorado, o Duque de Westminster, já havia conhecido o tecido, usado em vestimentas masculinas. Se nos anos 1950 na França, a moda flertava com Christian Dior e suas formas amplas inspiradas na Belle Époque, do final do século 19, nos Estados Unidos e na Inglaterra, a praticidade pedia licença. Resultado: mais um sucesso estrondoso que depois foi assimilado pelas francesas. Mais uma curiosidade. o tailleur rosa usado por Jaqueline Kennedy no dia do assassinato de seu marido, o presidente americano John Kennedy, não foi feito pela Chanel. Justine Picardie, autora do livro Chanel, Her Life, confirma que a confecção foi autorizada pela maison francesa, que forneceu o tecido e os botões para a casa Chez Ninon. O ateliê americano produziu grande parte das roupas usadas por Jackie. A atriz Natalie Portman usou uma réplica do tailleur no filme “Jackie”, que estrou no Brasil em 2017.