Vá preparando as agulhas e os teares. O verão 2020 traz um ar cool e artesanal à moda praia. Pelo menos, foi isso que mostraram as duas grifes do segmento que se apresentaram neste quarto dia do São Paulo Fashion Week: Triya e Borana. Tricô, crochê, macramé deram as caras em maiôs e biquínis… E também em saídas de praia, túnicas, quimonos e vestidos para a areia e para fora dela.
Isso não quer dizer que a tecnologia, a estamparia digital, os recortes a laser estejam fora do circuito. É a junção do artesanal ao tecnológico que nos faz voltar aos anos 1970, em plena segunda década do século 21.
Paz, amor e liberdade
A Borana tem como diretora criativa Patiara Aguiar e faz parte do projeto Top 5, do Sebrae, que dá consultoria a pequenas marcas. Fez um desfile cheio de informação e estilo. Os biquínis de crochê de malha e patchwork, que nos remetia a ao universo de conforto e relax, bem ao estilo de “Paz, Amor e Liberdade”, tema da coleção, filosofia maior daqueles idos dos anos 1960 e 1970.
Uma mistura de preto e branco com cores que remetem à Jamaica e ao reggae confirma essa vontade de conforto sem pensar no amanhã. As estampas vinham misturadas, incluindo um vestido com várias camadas, num patchwork de sobreposições e assimetrias. Assimetria, aviamentos, poás, florais e gravataria enfeitavam as peças. Além dos crochês, destaque para tecidos que pareciam tramados em teares e que remetem à tapeçaria.
Bolsas de palhas vão estourar no verão. A grife trouxe modelos baús pequenos em tons naturais e redondos tingidos em cores fortes, como o vermelho.
Vale Sagrado
A cultura inca foi o ponto de partida para a Triya criar seu verão 2020, que pela primeira vez traz moda masculina. Com tal inspiração, não poderia deixar de ser natural tricôs, macramês, tererê e trecês aparecerem nas peças, que incluíram também vestidos, conjuntos de calças e blusas, tops cropped, túnicas. E claro, calcinhas mais cavadas e tops mais fechados. Alguns com aspectos de tapeçaria, de ráfia e com bordados multicoloridos.
Aliás, as estampas digitais, ponto forte da marca, também voltam aos anos 1970, com tie-dye supercolorido, com retratos de paisagens e, no fim, símbolos incas, em fundo escuro. Como não poderia deixar de ser, biquínis com tiras de pedrarias, levando brilho também para a praia e a piscina. Na passarela, tops como Renata Kuerten, Isabel Hickmann e Thairine Garcia contavam a história do Vale Sagrado inca, tema do desfile da marca.
Mais do quarto dia
Neste quarto dia da 47ª edição do São Paulo Fashion Week, o conforto imperou, como nos desfiles da Ca.ce.te Company, da Handred, da Aluf e da Neriage. Esta última, inspirada no balé de Pina Bausch, trouxe plissados larguinhos, sobreposições gostosas e leves. Começou com looks brancos, passando para bege, bordôs e vermelho. Nos pés, tênis amarrados com várias voltas no tornozelo faziam referência direta ao balé.
O neon de outros dias cedeu espaço ao branco, que junto com o bege dão o contraponto aos tons ácidos. As tonalidades mais tranquilas foram vistas na Handred e na Ca.ce.te também.