Pela paz, Ronaldo Fraga leva beijo gay à passarela do SPFW

Beijo gay no desfile de Ronaldo Fraga (Foto: Francisco Cepeda/AgNews)
Beijo gay no desfile de Ronaldo Fraga (Foto: Francisco Cepeda/AgNews)

O estilista Ronaldo Fraga mais uma vez transcendeu a moda no SPFW e abriu o desfile com um beijo de um casal gay, formado por um homem árabe e um judeu. Depois, um casal de mulheres, e também de uma mulher e um homem idosos, além de criança correndo em volta da mesa posta com comida, velas e vinhos.

Cada detalhe, cada item pensado pelo estilista tinha uma só meta: uma mensagem de amor em tempos de intolerância e ódio que estamos vivendo às vésperas das eleições presidenciais. E foi essa atmosfera de aceitação e respeito que o mineiro trouxe à passarela, com a mesa montada ao centro e onde os modelos e convidados sentavam após desfilar.

Foto: Gabriel Cappelletti/Fotosite

 

 

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A inspiração surgiu quando o estilista viajou em 2017 para Tel Aviv, Israel. Era a florada de laranjeira e o perfume da flor se impregnou em sua alma. Na cidade, onde ele achava que ia encontrar guerra, encontrou a paz. Um restaurante oferecia desconto de 50% se árabes e judeus comessem juntos. Lá, encontrou casais héteros e gays que “viviam suas vidas, a despeito das brigas políticas”.

 

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Ronaldo Fraga é bem atuante nas redes sociais se posicionado contra a onda de ódio e intolerância que a política brasileira tem gerado entre as pessoas, amigos e parentes. E mais uma vez fez um discurso fashion político, apontando que a intolerância é o pior dos caminhos. Por isso, modelos de todos os gêneros, idades, religiões desfilaram e sentaram à mesa, para comerem em paz. Negros, velhos, crianças, mulheres, transgênros, como a modelo Carol Marra, foram convidados para o banquete de Ronaldo.

Fotos: Francisco Cepeda/AgNews
Fotos: Francisco Cepeda/AgNews

O estilista trabalhou a coleção em tons de azul jeans escuros, com bordados que lembram estrelas, laranjas, além de manchas em tie dye e trabalhos de artesanais, sempre presentes. Num dos looks, um modelo negro entrou com tipoia no braço feita com retalhos da camisa da Seleção, peça usada pelos apoiadores do candidato de extrema direita Jair Bolsonaro.

Desfile Ronaldo Fraga (Foto: Francisco Cepeda/AgNews)
Desfile Ronaldo Fraga (Foto: Francisco Cepeda/AgNews)

Vestidos e túnicas para eles e para elas, modelagem larga, sobreposições e tramas abertas e transparências apareceram. E também  estavam impressos ou vazados sobrenomes inspirados em árvores, incorporados por judeus para fugir da perseguição árabe na Penínisula Ibérica no século 15: Figueira, Moreira, Pereira, Carvalho, Pinheiro.

Mas a roupa, com DNA próprio do estilista, é o que menos importa.  O desfile foi uma metáfora aos tempos em que o racismo está à flor da pele. A mensagem da paz, da comida sendo compartilhada entre pessoas, sem se importar com nacionalidade e opções, é a mensagem que fica. Ou seja, uma ode ao amor.

ELE NÃO

Celio Dias, da Led, com camiseta EleNão (Foto: Agência Fotosite/Divulgação)
Celio Dias, da Led, com camiseta EleNão (Foto: Agência Fotosite/Divulgação)

Antes da apresentação de Ronaldo Fraga, o estilista Celio Dias, da Led, fez seu ato de resistência política ao finalizar o desfile coletivo chamado Top 5. Na fila final, o também mineiro entrou com uma camiseta com inscrição “Ele Não”, na frente. E atrás, “Bichas, Resistam!”.

A marca, que faz uma moda sem gênero, levou peças coloridas e com tramas feitas à mão, para serem usadas por pessoas de todos os sexos. Em desfiles, cujo clima político e eleitoral, às vésperas da mais polarizada eleições presidenciais do Brasil, a maioria dos estilistas tem deixado o assunto de lado, como se estivessem num universo paralelo, foi um sopro de esperança ver que a moda não é tão alienada assim, como parecia estar sendo desfilado nesta edição do SPFW.

Celio Dias, da Led, com camiseta EleNão (Foto: Agência Fotosite/Divulgação)
Celio Dias, da Led, com camiseta EleNão (Foto: Agência Fotosite/Divulgação)

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