Já ouviu dizer que “menos é mais”? A proposta do momento passa longe disso. O maximalismo dá espaço ao “muito”. Ligada em música, moda e cultura urbana, a comunicadora e DJ Tamy Reis é uma fonte de inspiração, já que traduz sua personalidade com muitas cores, acessórios e detalhes.

Artista multifacetada, usa a moda como ferramenta de identidade, resistência e afirmação da potência preta em um cenário historicamente excludente. Cercou-se de referências musicais para compor seu estilo pessoal, como Carmen Miranda, Missy Elliott e Erykah Badu.
“O ponto do maximalismo que gritou muito em mim no último ano foi o exagero nos acessórios metalizados, as saias bufantes com volume. Sempre usei muito dessas tendências, mas percebi que tem sido de uma forma mais intensa”, comentou.
Tamy deixa claro que é importante se respeitar e usar o que realmente combina com você. Nada de seguir uma tendência só para se “enquadrar”, ok? “Tudo que você vestir tem que te deixar falar e mostrar o que de fato você é. E se você é um pouco mais discreto, tá tudo bem também, isso é você.”
Abaixo, confira o vídeo em que a artista se aprofunda no maximalismo. Tem ainda entrevista para o Elas no Tapete Vermelho, em que comenta sobre moda negra e representatividade.
Elas no Tapete Vermelho: Qual é o papel da moda na sua identidade, no dia a dia e no seu trabalho?
DJ Tamy: A moda e o que eu visto transparece muito a minha personalidade, como eu estou, o que sou, do que eu gosto, o que eu consumo. Acho que o papel de quem me lê é justamente esse, ver o estilo da Tamy e entender um pouco sobre ela, o que ela gosta de consumir e ouvir.
Como você descreveria a moda negra? Quais são as características marcantes?
O que nos une muito é a raça, mas a moda negra é muito plural. No meu caso, as características marcantes dessa moda vêm muito com a questão da cor, acessórios oriundos da África, turbantes, um pouco do exagero nos acessórios, isso vem muito da nossa terra matriz, que é a África.

Como você enxerga a moda negra no mundo fashion atualmente? Você se sente bem representada? O que falta?
A estética negra até está presente no mundo fashion, algumas vezes bem representada, outras nem tanto. Acho que a representatividade não está tão igualitária no mundo da moda, mas está se movimentando para chegar num denominador comum. Está acontecendo um movimento de pessoas pretas se colocando nesse lugar, dando sua opinião, sendo colaboradoras de grandes marcas. Existe um movimento para que essa representatividade seja igualitária daqui algum tempo.

De que forma a sua identidade como mulher negra influencia nas escolhas para compor seu estilo?
No meu caso, é de uma forma muito intensa. Se eu visto uma t-shirt de algum artista, geralmente vai ser de algum artista que eu me identifico, como uma t-shirt com a carinha da Whitney Houston, por exemplo. Acho que a minha identidade de mulher preta é muito forte na escolha do que eu vou usar. Tento trazer sempre a minha essência.
Você se sente representada nas campanhas e nas araras das marcas que falam em diversidade?
Hoje em dia, eu vejo que muitas marcas falam de diversidade porque está, entra aspas, na moda. E quando você vai pesquisar a fundo, a diversidade não acontece, não está ali. Vejo que tem muitas marcas que estão buscando mudanças, em pensar em diversidade, algumas até conseguem mudar um pouquinho, botar na campanha pessoas gordas e pessoas pretas, mas isso ainda é uma utopia. Quando todo mundo fala, nem sempre é algo genuíno, falam só porque estão sendo cobrados. Mas ainda são poucas as marcas que trazem de fato a diversidade genuinamente. Eu não me sinto representada nas campanhas, numa totalidade. Eu vejo pessoas pretas, mas a representatividade, a questão do igual para igual, ainda não existe.
Na sua opinião, como está a questão da inclusão na moda de maneira geral?
Inclusão é o que a gente busca. Muitas pessoas como eu têm colocado isso em pauta, querendo que isso de fato aconteça. Para ser bem sucinta, de maneira geral, acho que a gente está com 30% das pautas de moda pensando em inclusão, o que é muito pouco ainda.
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Como você define seu estilo hoje? Já teve dificuldades para expressá-lo, sentiu algum preconceito ou receio de não se “enquadrar”?
Sou uma pessoa do street style com uma pegadinha “boneca chique”. Já tive dificuldade para expressá-lo, principalmente na saída da minha adolescência para a minha fase adulta, porque era muita cor, muita coisa… Será que as pessoas vão me entender como uma mulher adulta usando isso? Mas isso já passou e eu, de fato, me encontrei. Mas sobre me enquadrar, eu não me enquadro, não. Eu sou eu e só sou feliz sendo eu. As pessoas que me aceitem do jeito que eu sou.
Como o maximalismo ajuda a expressar quem você é?
Eu gosto do muito. A moda maximalista fala muito sobre isso, sobre o adorno, muitos anéis, muitos colares, muitas pulseiras. Eu gosto disso. Acho que estou sendo eu assim.
Qual recado você daria para quem está tentando construir seu estilo próprio, mas ainda não se encontrou, não se sentiu representada ou se sente distante de padrões estéticos? Por onde começar?
A pessoa que está construindo seu próprio estilo tem que pensar primeiro em quem é ela, o que realmente vai deixá-la feliz. A forma da pessoa se vestir fala muito de quem ela é. Você tem que ser você. A gente é muito influenciado por quem está do nosso lado, pela nossa cultura, pelo que a gente ouve… O que a gente é vai dialogar com as nossas influências. Seja você, independente dos padrões que imponham, do que é tendência, do que está na moda… Você tem que estar feliz.