O estreante Leandro Castro trouxe ao SPFW uma coleção consistente, bem feita e com um toque do japonismo que invadiu a moda dos anos 1980 com modelagens enormes em formas orgânicas, misturando tecidos pesados e leves.

A coleção chama-se “Linha” e é inspirada no texto “Ponto e Linha sobre Plano”,
de Wassily Kandinsky. Daí também tramas e estampas traduzidas por linhas e geometrias, como no primeiro look: uma blusa quadrada com aspecto desconstruído da trama de tear, usada com peça larga preta.

A alfaiataria oversized, que pode vestir até o número 60, vem em tecidos encorpados, como feltros, e se contrapõe à leveza de matérias como organza. O rigor nos detalhes, como as peças amplas com aspecto amassado e as camisas de mangas enormes ganham vida ao lado de risca-de-giz, de pregueados, plissados e crochês de pontos abertos e quase desconstruídos.

Destaque para as sapatilhas feitas de meias com nó na frente e sola de borracha laranja, o único ponto de cor do desfile, além de um look com detalhes vermelhos. Na make, batons pretos borrados, dando mais dramaticidade ao desfile.

Quase todas as peças são feitas com resíduos têxteis diversos (feltro técnico, denim, linho, viscose, seda e algodão, tricoline, sarja, tecidos planos, feltro, neoprene, malha residual, tecidos residuais de roupas de luta, material automobilístico), transformando-se em vestíveis e calçados que são comparados a wearable art (arte de vestir), como pontuou o material de divulgação. Sim, são peças de arte agêneras e atemporais, incluindo o look feito com tiras de madeiras tingidas de cinza.
