O mineiro Miguel Crispim, 42 anos, viu sua paixão pela moda despertar ainda criança, no quarto de costura de sua mãe Dora Luminato (68), na cidade de Itabira, onde viveu até os 23 anos, entre tecidos, agulhas e vestidos. Fazia de tudo um pouco, inclusive pilotava a máquina de costura, que estava num pequeno cômodo da casa.

Quando resolveu sair da pequena cidade de 100 mil habitantes para morar em Belo Horizonte, não imaginava que ajudaria a “exportar” modelos e que viraria rerpesentante internacional de famosas como Celina Locks, mulher do jogador Ronaldo, e de modelos como Amira Pinheiro, que em 2019 foi recordista de desfiles no SPFW e que se tornou uma nova aposta no mercado internacional.

Miguel, que na adolescência, fazia até croquis de roupas, contou um pouco de sua história: “Eu desenhava até vestidos de casamento, e minha mãe costurava”, relembrou. “Fazíamos tudo juntos, no espaço que ela tinha acabado de abrir. Até hoje, minha mãe costura nesse mesmo ateliê, lá em Itabira”, afirmou e continuou: “Eu estava sempre lá, desde criança via minha mãe trabalhar. Eu folheava as revistas, observava cada cliente que passava por lá. Cresci nesse ambiente da costura, admirando a moda e os modelos”, afirmou.

Para conseguir ingressar no mercado da moda, Miguel foi atrás de recursos, para poder viajar à capital. “Meu pai tinha uma oficina de carros, onde cheguei a trabalhar. Depois, fui atendente em uma loja de roupas, ajudante geral, vendedor… fazia o que fosse preciso pra juntar dinheiro e ir pra capital, pra sair do interior e chegar ao meu desejo final, que era atuar na moda”, disse.

Depois de guardar algum dinheiro, conseguiu se mudar e foi rumo ao sonho. Primeiro, em Belo Horizonte, onde aconteceram as primeiras oportunidades. Aos 23, veio importante chance na moda, como olheiro (pessoa que busca novos modelos) de uma agência de modelos. “Então percebi que o que eu mais gostava era dos bastidores. Logo que comecei como olheiro, uma de minhas primeiras descobertas foi dentro da família: minha prima, Carmelita Mendes (foto abaixo), até hoje modelo internacional”, relembrou.
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Miguel estudou Design de Moda e, de ‘olheiro’ passou a ‘booker’ (quem gerencia a carreira de modelos). Depois, foi para o departamento Internacional. “Foi bom conhecer um pouco de tudo numa agência de modelos. Eu passei então a fazer ‘polaroids’, que começaram a fazer sucesso, e viravam os retratos oficiais dos books. Minhas fotos chegaram até a sair no Models.com (prestigiado portal do segmento). Assim, segui conquistando espaço”, afirmou. Autodidata, Miguel tentava ‘arranhar’ no inglês e no espanhol: “Aprendi ouvindo fitas k7”.

Sua trajetória e seu aprendizado o levou ainda mais para longe. Hoje, Miguel atua como empresário de sucesso, em Nova York, onde mora há 12 anos. O mineiro exporta talentos brasileiros às maiores agências do mercado de modelos internacionais, como Elite, que representa supermodelos como Kendall Jenner, Supreme e que conta com Naomi Campbell no elenco, entre diversas outras gigantes do mercado internacional. Entre elas, as agências Women – das tops Jourdan Dunn e Behati Prinsloo -, Wilhelmina e One. Miguel reúne ainda trabalhos pela França, Alemanha, México, Suécia e Reino Unido.
Radicado nos Estados Unidos, atua como profissional independente na área de Scouting e Internacional, fazendo intercâmbio de talentos brasileiros com agências poderosas ao redor do mundo todo. “Aprendi muito observando. Primeiro, quando criança, observando minha mãe na máquina de costura. Hoje, observando talentos para os grandes clientes internacionais. Assim, faço o que amo: acrescentar na vida de uma pessoa e no desenvolvimento de uma linda carreira”, finalizou.