Mal começou e o BBB 24 já está levantando assuntos que têm mobilizado as redes e virado tema de discussão. Entre a quinta-feira (11) e esta sexta-feira (12), as roupas usadas por Yasmin Brunet estiveram em pauta e podem até ter contribuído para a eliminação do cozinheiro Maycon do reality show. Isso porque em poucos dias na casa fez alguns comentários sobre a filha de Luiza Brunet.
Na tarde de quinta-feira, Wanessa contou à modelo que Maycon e Luigi se incomodaram com as “roupas provocativas” de Yasmin. “Uma das coisas que também afasta eles de estarem perto de você é que é muito complicado pra eles se aproximarem, olha o perigo do que eu tô falando. Eu acho delicado, pra não falar merda, não quero prejudicar os meninos, eles queriam dizer que uma das coisas que afasta eles é que eles têm relações lá fora e que às vezes chegar perto de você, uma mulher bonita, que as mulheres teriam ciúmes.”, contou Wanessa.
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Ou seja, em quatro dias de reality, os comentários desse dois homens refletiram o inconsciente coletivo de grande parte da população, principalmente masculina, que joga para as mulheres que se vestem como bem entendem a culpa pelo comportamento deles. Ter medo de se aproximar de uma mulher que usa o que quer só reflete a fragilidade que o sexo masculino tem em relação à sua sexualidade e a total ignorância dos homens em saber dominar seus instintos e seus sentimentos. É preciso muita terapia para tentar mudar isso. Ou leitura.
Esse pensamento joga para as mulheres a responsabilidade das atitudes dos homens, desculpa já usada até em defesa de agressores sexuais. Do tipo: “ah, mas a roupa que ela estava usando”; “uma mulher de respeito não deve se vestir desse jeito”; “prendam suas cabras que meu bode está solto”. São ideias assim que fortalecem a opressão ao sexo feminino visto por séculos e que ainda, em plena terceira década do século 21, se perpetua, principamente com a onda de conservadorismo de extrema direita, que tem se alastrado pelo mundo afora, aliado a dogmas de várias religiões.
Fica a pergunta: Até quando roupas como as usadas por Yasmin Brunet, no BBB ou fora do reality, vão meter medo nos homens? Não há resposta para isso, até porque outras mulheres, até casadas com esses homens, perpetuam tais pensamentos para, muitas vezes, “segurar marido”. É um pensamento retrógrado e que, infelizmente, tem eco em perfis da internet que pregam a submissão e a “fragilidade” feminina. Lembrando a eterna Rita Lee: “Sexo frágil/Não foge à luta/E nem só de cama vive a mulher”.
E pensar que o biquíni foi criado em 1946; que na década de 1960, além da disseminação da minissaia, mulheres queimaram sutiãs em praça pública; que as praias brasileiras estão entre as mais democráticas do mundo, apesar de na Europa, o topless ser liberado sem preconceito. E ainda temos que ouvir num reality show com grande audiência, em pleno 2024, que homens têm medo de se aproximar de uma linda e liberada mulher como Yasmin Brunet, filha de uma modelo que foi sex symbol nos anos 1980, por ciúmes de suas mulheres… Ah, me poupe.
Ao comentar a fala de Maycon, no bate-papo após a eliminação do brother, Thais Fersoza foi cirúrgica: “Sim, ela é um mulherão. Ela é maravilhosa e ela pode usar o que ela quiser. Ela tem o direito de usar o que ela quiser. No lugar de fala, que você me permite, esse pensamento de que a mulher se veste para provocar o cara, para chamar atenção do cara, é tão antigo. Ela se veste para ela, ela tem que se vestir do jeito que ela quiser, se sentir bem, do jeito que é, a personalidade dela”, disse a apresentadora. Perfeita. E você, o que acha disso tudo?