Uma coisa é certa: as roupas artesanais, quase exclusivas e com savoir-faire bem brasileiro está em alta. Isso pôde ser constatado no primeiro dia da 56ª edição do São Paulo Fashion Week, que termina no próximo domingo (12). Grifes estreantes e veteranas no SPFW mostram ainda que brilho, principalmente, o dourado são tendências quentes nas próximas temporadas.
A diversidade de corpos, pele à mostra, sobreposições, roupas que lembram esculturas e tecidos naturais misturados a resinas e látex também foram vistos nas passarelas do evento, que se dividem entre o Shopping Iguatemi e o Komplexo Tempo, na Mooca, além de outras locações.
A estilista Helô Rocha, por exemplo, voltou ao SPFW com desfile no icônico Teatro Oficina, como uma homenagem ao diretor Zé Celso, que faleceu este ano. Modelos veteranas, como Izabel Goulart, Luciana Curtis, Ana Claudia Michels, Vivi Orth, Barbara Fialho passaram pelas passarelas do evento. Confira um resumo das coleções
Patricia Viera no SPFW
Com Mônica Martelli e a top Barbara Fialho na passarela, a estilista Patricia Viera, que sofreu um infarto recentemente, apresentou sua expertise em couro com uma coleção que remete aos anos 1970, com muito brinho e confortto, em vestidos longos feitos a partir de pastilhas de couro, conjuntos com a matéria-prima texturizada, corsetes lidos e calças compridas. O couro em pastilha brilhante lembra os globos de espelhos da era disco. Sim, a vida é uma festa.
João Pimenta
Com uma inspiração religiosa, João Pimenta vestiu seus modelos com roupas que remetiam a mantos católicos e vestes de orixás, provando que o sincretismo religioso é fonte rica para a moda. Os looks amplos, feitos em tafetás, com bordados e muito brilho dourado, mais uma vez traduziu a capacidade impar que o estilista tem em atualizar os códigos de vestimenta masculinos, onde entram saias, camisas, jaquetas e casacas com acabamentos perfeitos.
DePedro
Com Sergio Marone na passarela, a marca DePedro colocou crochê, fuxico, patchwork em tons que vão do branco ao terrosos, como laranja e ocre, passando por verdes e azuis, para seus homens que passeiam do streetwear à praia com desenvoltura. Mais uma vez, o feito à mão marca presença na passarela.
Helô Rocha
Do sertão ao mar, tema de sua coleção de retorno ao SPFW, a estilista Helô Rocha, que fez o vestido de noiva e o look de posse da primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, tabalhou com tecidos fluidos, bordados, transparências, rendas e látex. Tudo inspirado em sua terra natal, Rio Grande do Norte, que tem essa mistura da caatinga, do mangue e do mar. Na passarela, veteranas como Luciana Curtis, Vivi Orth e Ana Claudia Michels.
Korshi 01
A Korshi 01 montou um backstage na passarela e dentro de sua pegada de roupas funcionais, ia transformando cada peça em várias possibilides, como o macacão azul, que vira vestido, casaco e por aí vai.
Sau
Com Izabel Goulart na passarela, a estreante cearense SAU, de Marina Bitú e Yasmin Nobre, levou seu resort chic inspirado na geometria e no jogo de luz e sombra da obra do artista plástico Sérvulo Esmeraldo, pioneiro na arte cinética, para criar bodies, vestidos, caftãs, tops, saias, calças e quimonos com recortes, aplicações de tecidos quadriculados cortados laser em gaze, e organza. O brilho vem com canutilhos, pastilhas e metais. Izabel abriu o desfile no com look assimétrico, tanto na barra quanto nas mangas, que também misturava brilho e opaco. Ondas que lembram dunas, tons terrosos, brancos pontuaram a coleção.
Martins
A Martins foi a penúltima grife a desfilar no primeiro dia desta 56ª edição do SPFW com looks cheios de sobreposições, patchworks, xadrezes, listras, texturas e rasgos para o inverno 2024. A marca leva o streetwear largo e para todos os corpos às últimas consequências, com seu jeans desconstruído, destruído, utilitário e confortável. Modelos apareciam com chifrinhos na testa, pintados de vermelho e com botas de várias cores da Melissa. Exu e Pombagira deram uma rasante nos looks urbanos da Martins, sem medo de ousar.
Artemisi
A Artemisi, da estilista Mayari Jubini, estreou no SPFW com sua essência: corpetes estruturados de resina, imitando a forma do corpo, inclusive evidenciado seios e mamilos, como se fossem esculturas corporais. Brilho, penduricalhos, estampas trompe-l’oeil, com detalhes do corpo feminino e uma pegada punk também pontuaram a coleção, que teve ainda referências a filmes de terror, como Réquiem para um Sonho, de Darren Aronofsky, e uma releitura do figurino de “Barbarella”. Pegada que conquistou até Demi Lovato, uma das clientes da marca.