Como Cabocla Jurema, Anitta veste look feito por indígenas

O pré e o Carnaval de Anitta têm dado uma aula de história e resistência feminina, homenageando mulheres guerreiras da vida real e da ficção. Para se apresentar na festa Cavarlheira da Ladeira, em Olinda, na noite deste sábado (18), foi mais além e vestiu um look inspirado na Cabocla Jurema, entidade espiritual cultuada na umbanda, conhecida como a Rainha das Matas de Oxóssi.

Anitta como Jurema (Foto: Julia Bandeira/Divulgação)
Anitta como Jurema (Foto: Julia Bandeira/Divulgação)

O detalhe especial da produção é que foi produzido por mulheres indígenas do povo Guajajara da Aldeia Lagoa Quieta, do Maranhão, um povoado totalmente matriarcal, composto majoritariamente por mulheres guerreiras e crianças, que mantém a tradição do  artesanato. Lembrando que a ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sonia Guajajara, pertence ao povo da Lagoa Quieta. Eleita deputada federal por São Paulo, foi apoiada por Anitta nas eleições. Veja depoimento dela abaixo.

De acordo com o material de divulgação da stylist Clara Lima, a ideia veio da própria Anitta, que enxergou no figurino uma forma de homenagear a religiosidade afro-brasileira, que faz parte da sua espiritualidade. “Esse look em homenagem à Jurema me enche de orgulho, porque a história dela fala muito sobre força. Sempre sonhei em homenageá-la de alguma forma. Fazer isso no Carnaval é muito especial para mim!”, disse Anitta. Outros grandes nomes da música.

Anitta como Jurema (Foto: Julia Bandeira/Divulgação)
Anitta como Jurema (Foto: Julia Bandeira/Divulgação)

Clara Lima conta que idealizar o look foi um grande desafio, pois representar essa figura sem cometer algum tipo de desrespeito com a cultura índigena e religiosa, que foi um pedido da artista, seria uma tarefa delicada. “Como meu objetivo não era criar uma roupa literalmente indígena, me inspirei nas cores da Cabocla Jurema na umbanda. A partir delas, desenhei um look feito com miçangas”, explicou a estilista.

O material de divulgação afirma ainda que Clara recorreu à especialista em línguas indígenas sul-americanas, Ana Suelly Cabral, também professora do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas da Universidade de Brasília. A acadêmica colocou a estilista em contato com sua ex-aluna e artesã Marina Guajajara, da Aldeia Lagoa Quieta, no Maranhão. A partir disso, Clara começou a se reunir, de maneira online, com a indigena e com sua mãe e pajé da aldeia, Cintia Guajajara.

Anitta como Jurema (Foto: Julia Bandeira/Divulgação)
Anitta como Jurema (Foto: Julia Bandeira/Divulgação)

Ao conversar com a Cintia, foi sugerido por ela adicionar uma padronagem típica da Festa
do Mel, celebração que dura cerca de um mês, período em que os membros da aldeia
anfitriã e das que participam da festa saem à cata do mel, que é armazenado no lugar em
que é feito, depois, o cerimonial. “Foi uma visita transformadora. Fui recebida com todo o acolhimento do mundo de uma maneira especial, tivemos uma conexão forte e aprendi sobre a cultura guajajara. Para mim, essa roupa é deslumbrante por ter sido desenvolvida por excelentes artesãs, e tive uma experiência riquíssima na qual fiz amigos que vou levar para o resto da minha vida”, afirmou a estilista.

Anitta como Jurema (Foto: Julia Bandeira/Divulgação)
Anitta como Jurema (Foto: Julia Bandeira/Divulgação)

O look, composto por saia, top, brinco e enfeites de cabeça, braços e pernas, totalmente feitos com miçangas azuis e bordados em formato de flor vermelho e laranja, levou dois meses e meio para ser concluído. A estilista passou uma semana na aldeia para ajudar a finalizar o projeto junto a elas. As indígenas Iratu Elisa e Marina Cíntia Guajajara, que também é mestre em linguística, estiveram à frente da confecção. O grupo de artesanato cujo perfil no Instagram é @mairtentehar, escreveu um agradecimento à Anitta e à Clara Lima. Confira:

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