A semana de alta-costura de Paris, que começou nesta segunda-feira (23), já tem dado o que falar. Um tema comum entre as grifes são os animais. E a polêmica principal ficou por conta do desfile da marca Schiparelli, que tem em seu DNA o surrealismo e o choque em suas criações. A grife levou cabeças de animais como leão, loba e leopardo acopladas nas peças. Já Chanel também usou a temática de animais, mas de forma mais tranquila, nesta terça-feira (24).
O estilista Daniel Roseberry teve como inspiração “O Inferno“, primeira parte do livro Divina Comédia, do autor Dante Alighieri. “O leopardo, o leão e a loba – representando luxúria, orgulho e avareza na icônica alegoria de Dante – em espuma esculpida à mão, resina, lã e seda, pêlo falso, pintado à mão para parecer o mais verdadeiro possível”, escreveu a marca na legenda da foto. E em letra maiúscula, a advertência de que nenhum animal tinha sido prejudicado com a produção dos bichos de pelúcia.
Apesar disso, não faltou polêmica, principalmente nas redes sociais. Kylie Jenner assitiu à apresentação com um dos vestidos desfilados: preto longo com a cabeça de leão acoplada exibido na passarela de alta-costura por Irina Shayk. Internautas disseram que a roupa estimulava a caça de animais. Mas a presidente da Organização Não-Governamental Peta, Ingrid Newkirk, o look: “O visual de Kylie celebra a beleza dos leões e pode ser uma declaração contra a caça de troféus, na qual famílias de leões são separadas para satisfazer o egoísmo humano”, disse ao site TMZ.
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Já o site francês da Peta fez um lembrete em sua conta no Twitter sobre outro uso de animais na confecção das peças: ” Embora a arte, incluindo a moda, possa ser subjetiva, a afirmação de Schiaparelli de que ‘nenhum animal foi ferido’ na confecção deste vestido com cabeça de leão usado por Kylie Jenner é objetivamente falsa”, afirmou e continuou: “De fato, os bichos-da-seda eram fervidos vivos e as ovelhas eram exploradas por suas lãs para obter a seda e a lã usadas na fabricação dessas cabeças de animais falsas. Schiaparelli deve recorrer a materiais de origem não animal”.
Menos polêmica
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Se Schiparelli causou polêmica com suas cabeças de animais, Chanel também levou a temática de bicho para sua passarela no desfile desta terça-feira (24). A estilista Virginie Viard e o artista plástico Xavier Veilhan reproduziram 11 animais em formato gigante em madeira, papelão e papel para enfeitar a passarela, como se fosse o palco de um espetáculo em uma aldeia. Os animais são reproduções dos bichos que enfeitavam seu apartamento na rua Cambon, 31.
Várias modelos saiam de dentro dos bichos, incluindo a noiva no final, que estava dentro de um elefante. Ela usou vestido curto e véu, que cobria da cabeça à barra do vestido. Na alta-costura da grife, os tradicionais tailleurs vinham em meio a cartolas, gravatas-borboleta, luvas brancas, botas de renda, capa de cetim, saias plissada, paletós transpassados ou com fraque, camisas de smoking, lantejoulas, shorts curtos, anáguas. Destaque para as botas com a tradicional ponteira preta dos sapatos criados pela estilista e que ajudam a diminuir o tamanho dos pés. Uma mistura delicada dos ícones criados por Chanel.