O tema dos “Ensaios de Anitta” desse ano são mulheres fortes que, de uma forma ou de outra, romperam paradigmas da sociedade por onde passaram e viveram, seja na ficção ou na realidade. No sábado (7), homenageou a personagem Tieta, protagonista do romance “Tieta do Agreste”, de Jorge Amado. No domingo (8), no Rio de Janeiro, Marietta Baderna, italiana radicada em 1849 na então capital do Brasil.
O sobrenome da bailarina, que era um fenômeno e fazia parte do corpo de baile do Alla Scala de Milão, remete há algo como confusão ou tumulto, mas por que isso? Na verdade, a jovem e seu pai se auto-exilaram no Brasil após participarem de manifestações republicanas na Itália, durante o período de unificação do país. No Rio, dançou em teatros como o Teatro São Pedro de Alcântara (atual Teatro João Caetano), mas começou a incorporar danças afro-brasileiras, como o lundu, a umbigada e a cachucha.
Tidas como escandalosas, as danças e apresentações fizeram sucesso, com fãs que faziam manifestações exaltadas. Seus admiradores eram chamados de badernistas. A moça, porém, não se restringiu a se apresentar em lugares fechados, mas também dançava ao ar livre, ao lado de escravos. A sociedade escravagista e moralista da época (digamos que muitas coisas nçao mudaram muito) iniciou boicotes a ela e seu fãs, mais uma vez, reagiram de forma ainda mais barulhenta, como batendo os pés para atrapalhar outros espetáculos, protestavam contra a direção dos teatros e não iam aos espetáculos.
Franca Anna Maria Mattea Baderna, conhecida como Marietta Baderna (Foto: Reprodução)Se antes, a palavra “baderna” chegou a ser sinônimo de “beleza”, o sentido que conhecemos hoje tomou forma e nunca mais deixou de indicar confusão e tumulto. Quem executa as ações, porém, não são mais os “badernistas”, mas agora são chamados de “baderneiros”. Franca Anna Maria Mattea Baderna nasceu em Castel San Giovanni, em 1828 e morreu no Rio de Janeiro em 1892. Sua última apresentação pública aconteceu na temporada de 1864-1865 no Brasil, após se apresentar no Grand Théatre de Bordeaux, em 1863. Depois, os jornais não publicaram mais nada dela.
O look de Anitta teve a concepção criada pela stylist Clara Lima e foi confeccionado por Michelly X, que também fez a roupa em que a cantora homenageou Tieta. Composta por body que parece duas peças, mas é unido na lateral, a produção é feita com tecido amassado e em tons de rosa e cinza. Anitta ainda usou meia com cinta-liga, bota prateada e tiras amarradas na perna.
Tieta
Para representar Tieta, de Jorge Amado, na apresentação em Salvador, o look foi ainda mais sensual com mistura de animal print e vermelho. A estampa veio nas luvas, no lenço, no top e na meia usada sob a bota dourada, tudo finalizado com o body vermelho. Agora é esperar para ver quais serão as demais mulheres homenageadas por Anitta em seus próximos Ensaios. E vamos combinar: momento perfeito para trazer à tona o nome de personalidade e personagens femininos fortes e necessários, não é?