O quarto dia da 53ª edição do SPFW voltou a trazer famosos na passarela, como os ex-BBBs Pedro Scooby e Camilla de Lucas, além de Carol Marra, a travesti Bianca Dellafancy e mais um sem número de modelos que levam a diversidade cada vez mais às passarelas. Já é comum, e essa notícia é ótima, casting totalmente negro, como o desfile de João Pimenta.
O estilista, que se apresentou no Senac Lapa Faustolo, escola da qual é consultor, fez uma coleção com todos os looks pretos, como um cortejo fúnebre. No convite, pediu para os convidados irem de preto, conselho levado a sério pela maioria dos presentes. Para fechar a trilogia sobre a angústia do isolamento e da pandemia, o estilista e professor resolveu trabalhar com a cor nas roupas, remetendo ao luto, que não deixa de ser um manifesto contra o atual momento político do país.
Mas se o desfile teve um tom pesado, a beleza dos looks vestidos por modelos homens soprava um ar de alívio, com a expertise que Pimenta tem na construção modelagem e acabamento das peças. Peças essas que traziam ainda rendas, brilhos, aplicações abrindo espaço para uma certa leveza em meio ao caos. No release do desfile, o estilista colocou o poema “A Flor e a Náusea”, de Carlos Drummond de Andrade, em que um dos versos é “Posso, sem armas, revoltar-me?”. A resposta a essa pergunta foi dada no lindo e forte desfile do sempre impecável Pimenta.
Antes, a grife Silvério abriu as apresentações presenciais do dia do SPFW com o tema Delírio, também numa referência à pandemia. A cor preta marcou presença, como no terno usado por Pedro Scooby, sem camisa, deixando a tatuagem do peito à mostra, e calça mais curta com barra godê. O estilista, porém, mesclou cores fortes, como rosa, amarelo, laranja e azul.
A grife Martins também levou cores à sua apresentação presencial, como vestidos com nuvens em fundo azul, estampas em amarelo e em outras tonalidades.
Noite
Nos desfiles da noite, já no Komplexo Tempo, Zona Leste de São Paulo, a 13 km do Senac Faustolo, Lino Villaventura e Walério Araújo explodiram em cores, sem deixar de lado um pouco de preto e de branco.
Lino Villaventura, sempre com um tom dramático, apresentou seus looks poderosos, como o de abertura, desfilado pro Vivi Orth, com saia ampla, dorso ajustado e gola plissada com estampa de fogo. A estampa, aliás, apareceu em vários looks, incluindo masculinos, e também em legging e botas. Essas duas últimas peças compuseram o vestido branco com nervuras, cauda e movimento usado por Camilla de Lucas, como uma noiva diferente.
Para fechar a noite do SPFW, Walério Araújo sempre faz a festa. Dessa vez não foi diferente, com seus looks multicoloridos, repletos de plumas, brilhos e enfeites de cabeças, o estilista fez um revisão de sua história, com algumas peças originais, como o vestido amarelo com franjas de miçangas e canutilhos usados por Rita Cadillac no filme “Carandiru”.
Walério se inspirou nas feiras de moda dos anos 1990, onde novos estilistas, hoje veteranos e famosos, como ele, começaram a carreira. Na trilha sonora, Alexandre Herchcovitch e Johnny Luxo foram os DJs dessa festa, também figuras marcantes da noite daquela década.