A estilista Martha Medeiros fez sua estreia no SPFW (São Paulo Fashion Week) contando sua história, ela mesma, na passarela explicando cada look. Com um casting heterogêneo com direito a modelo plus size, como rainha na pele de Mayara Russi, e o modelo trans, que desfilou com quimono aberto, Sam Porto.
Emocionada e feliz, a rendeira alagoana, que começou vendendo roupa de boneca na praia de Pajuçara, em Maceió, nos anos 1960, abriu o desfile com um lindo vestido tipo xale branco, feito há 32 anos. Foi a primeira peça feita pela marca que leva seu nome.
Outro vestido, um listrado em preto e branco, com rendas pretas na barra da saia ampla, foi feito há 18 anos e emprestado pela cliente que o comprou. Um blazer de 10 anos atrás, outro vestido de 5 anos cruzaram a passarela ao lado de looks mais novos e até um que estava num manequim de costura na passarela. No fim do desfile, a modelo Thalyta Pugliesi entrou com um xale e, com a ajuda do maquiador Max Weber e de uma assistente de Martha, colocou o vestido e o véu tipo mantilha pretos.
Durante a apresentação, Martha disse que o namoro com o SPFW acontece há 10 anos. E, agora consumado com o desfile, não tinha como não mostrar sua história e seus desejos, como as rendas e acessórios assinados por Rose Benedetti, que retratam a flor de mandacaru, que quando abre no sertão é chuva na certa. Ela também mostrou looks feitos com sobras de renda. Inclusive o que a própria Martha usava era assim.
Esses elementos do sertão nordestino também foram retratados no vídeo exibido antes da apresentação. Nele, apareciam suas rendeiras em casa e em suas plantações de frutas, além de tanques que dessalinizam a água, tornando potável para tomar e regar. Resultado do projeto Olhar do Sertão, que envolve cerca de 450 mulheres que produzem suas rendas exclusivas.