A jornalista e empresária britânica Zanna Roberts Rassi, editora de moda da Marie Claire e correspondente de moda do canal E! Entertainment, já cobriu vários tapetes vermelhos mundo afora e, às vésperas do Oscar 2022, a expert conversou com o “Elas no Tapete Vermelho”, sobre a expectativa da volta do red carpet da forma como era antes da pandemia.
Lembrando que, em 2021, a cerimônia foi restrita a alguns convidados e o uso de máscara era obrigatório no espaço. Zanna acredita que essa edição venha com muita positividade e otimismo. E que os looks reflitam isso com cores fortes e vibrantes.
A especialista também lembrou de alguns looks icônicos de outras apresentações do Oscar e afirmou que repetir vestidos é uma ótima forma para provar que a sustentabilidade é viável, mesmo em eventos como esses. Zanna também apontou um acessório que deve ser esquecido no tapete vermelho.
Ela co-fundou a empresa de cosméticos Milk Makeup, criada em 2016 com seu marido Mazdack Rassi, Dianna Ruth e Georgie Greville. A marca é livre de testes com animais, de parabenos e 100% vegana. Confira trechos da entrevista.
Elas no Tapete Vermelho – O que você espera ver de diferente neste tapete vermelho do Oscar após a pandemia e em tempos de guerra? Alguma manifestação, alguma mensagem em forma de roupa?
Zanna Roberts Rassi – Acredito que a principal mensagem será de positividade e otimismo através da vestimenta. Acho que todos nós passamos por um tempo obscuro e este é momento em que podemos sair e comemorar, afinal há uma luz no fim do túnel, assim espero. Isso deve se manifestar com cores muito vibrantes, vívidas, supersaturadas. Podem ser vermelhos realçados e verdes. Além disso, uma atenção aos rapazes. Temos visto muitos rostos novos no universo masculino, com meninos realmente abraçando a moda: Andrew Garfield (indicado a Melhor Ator, por “Tick, Tick…Boom”), Kodi Smit-McPhee (que concorre a Melhor Ator Coadjuvante, por “Ataque de Cães”), Rami Malek, Daniel Kaluuya (apresentadores de alguns prêmios). Todo mundo está lá para mostrar, e eles estão tirando os holofotes das mulheres. É meio divertido de assistir.
Elas no Tapete Vermelho – Você trabalha muito com sustentabilidade. Como o tapete vermelho do Oscar poderia passar uma mensagem mais forte em relação a isso?
Zanna Roberts Rassi – Na verdade, já vimos um poucodisso no passado com ações como o “tapete verde” (The Green Carpet), que foi uma sensação no Reino Unido por um bom tempo. Talvez seja uma questão de usar um vestido que já foi visto antes. Ou mesmo na situação atual: há vestidos de alta-costura, certo? Ou seja, não são vestidos do tipo que haverá 10 mil deles fabricados e alguns indo parar nos aterros sanitários. São obras de arte, feitos à mão, levam meses para serem confeccionados com esforço de muita gente. Eles vão parar no tapete vermelho, mas duram para sempre. São peças sustentáveis por natureza. Há outros que são apenas amostras e tudo bem serem usados de novo. Temos que levar essa ideia adiante, porque você pode usá-los de uma maneira totalmente diferente. Veja a Rita Moreno (que trabalhou nas duas versões de “Amor, Sublime Amor” indicado a sete estatuetas nesse ano). Em 2018, ela usou o mesmo vestido que havia usado em 1962. É uma questão de ser inteligente. Trata-se de reutilizar, manter as preciosidades, vestir obras de arte.
Ver essa foto no Instagram
Elas no Tapete Vermelho – Vemos que até tênis tem feito parte dos looks femininos do Oscar, como a ganhadora de 2021, Chloe Zhao, de Melhor Direção e Melhor Filme. O que tem a dizer dessa “liberdade” fashion que estão fazendo parte de cerimônias como essas?
Zanna Roberts Rassi – Acho isso maravilhoso. Acredito que a autoexpressão é fundamental hoje. É uma questão de você ser quem você é e se é isso a deixa confortável, então, vá em frente. Mas também gosto muito da ideia de as pessoas respeitarem o tapete vermelho. O Oscar é um momento de diversão tão incrível, mas traz uma carga hereditária de muitos anos. Então, manter-se dentro dos limites da respeitabilidade é importante, mas se o tênis combinar com uma peça bonita, vá em frente!
Elas no Tapete Vermelho – Cite 3 looks icônicos que já passaram pelo tapete vermelho do Oscar.
Zanna Roberts Rassi – Eu citaria Billy Potter e seu traje Christian Siriano incrível, que é combinação perfeita entre o masculino e feminino (em 2019). Ele iniciou um momento culturalmente muito importante, uma conversa que vem sendo debatida há algum tempo. Zendaya com o amarelo canário da Valentino e as joias de 6 milhões de dólares. E vou citar também Margot Robbie, com o vestido branco Chanel vintage, escolhido por sua stylist Kate Young (em 2018), foi um dos meus favoritos. Para manuseá-lo, Kate tinha que usar luvas brancas. Se impregnasse um pouquinho de oleosidade, ficaria completamente arruinado. Foi um dos momentos mais bonitos e elegantes vistos no tapete vermelho.
Ver essa foto no Instagram
Elas no Tapete Vermelho – Gostaria de citar nomear mais alguns?
Zanna Roberts Rassi – Sim, por exemplo, Regina King, no ano passado. O vestido da Louis Vuitton era incrível. Creio que levava 62 mil lantejoulas, como me foi dito pelo seu stylist. Citaria Janelle Monáe de Ralph Lauren, um dos vestidos mais bonitos de todos os tempos. Tinha as costas abertas, as mangas longas, capuz drapeado e 168 mil cristais Swarovskis. Levou 600 horas para ser bordado. Aquilo que é um vestido! Aquilo é um momento! Ela parecia uma combinação perfeita entra a vanguarda da moda e o clássico. E a Celine Dion, quando ela vestiu um smoking Christian Dior de trás para frente, foi um dos meus favoritos.
Elas no Tapete Vermelho – Há alguma peça ou acessório que não pode entrar de jeito nenhum no look de um tapete vermelho?
Zanna Roberts Rassi – Tenho certeza que há muitos inapropriados… Sabe, tem uma regra de vestimenta e o “dress code” é black tie. Então algumas coisas certamente são inapropriadas. Para mim, é interessante como algumas pessoas usam clutches e outras não e eu acho que a última moda é “não às clutches”, sabe? Sinto pelas bolsas, na verdade [risos], ninguém quer mais bolsa nenhuma no tapete vermelho. Eu acho que um sorriso é o melhor que você pode fazer nessas ocasiões, certo?
Colaboração: Sabrina Yamamoto e Elisângela Espinossi