Lais Ribeiro fez uma rasante no São Paulo Fashion Week nesta semana para desfilar para a grife Torinno, de Luis Fiod. Nos bastidores do evento, cujos desfiles no Pavilhão das Culturas Brasileiras, terminam neste sábado (20), Dia da Consciência Negra, a top da Victoria’s Secret conversou com o “Elas no Tapete Vermelho” sobre racismo e diversidade na moda.
Com o sonho de ser enfermeira, a piauiense participou de um concurso de modelos da Joy Model, que mudou o rumo de sua vida e desde 2009 representa o Brasil em todo mundo, numa carreira meteórica, que tem como auge o título de angel da Victoria’s Secret, título que já não existe, mas ainda trabalha para a marca, além de fazer parte dos rankings “Top 50” e “Mais Sexy do Mundo”.
Ver essa foto no Instagram
Tanto atributos, no entanto, não isentaram a modelo de sofrer preconceitos no mundo da moda. Em 2018, por exemplo, Lais revelou que escutou em castings de Milão que os desfiles já tinham alcançado sua “cota” de modelos negras. Desde então, parou de fazer testes para desfilar na temporada italiana.
No Brasil, viu com bons olhos o fato de o SPFW exigir 50% de modelos afrodescendentes e indígenas nos desfiles, apesar de achar que o talento deveria ser o principal atributo para a escolha do casting. “Não importa se a pessoa é negra ou trans, mas se tem requisito para aquele desfile é o que basta, sem ser rejeitada pelos outros motivos”, disse.
Ver essa foto no Instagram
“A diversidade tem aumentado muito no mundo fashion, com negros e transgêneros nos desfiles. Fico muito feliz com essa evolução. Estamos no caminho cento”, afirmou Lais, que sempre defendeu a inserção da diversidade na moda, incluindo nos castings da Victoria’s Secret, que passa por uma reformulação, com mulheres plus size e trans no casting.
Aliás, Lais Ribeiro foi uma das responsáveis por apresentar a modelo cearense Valentina Sampaio à marca de lingerie, a primeira trans a ser contratada pela marca. “Fico feliz porque a marca está mudando também. Tem que ter diversidade em todos os lugares. Não tem isso de ter uma padrão. Antigamente tinha um padrão, mas as pessoas gostam de ser representadas, de serem vistas, na novela, na passarela, na campanha e se sentirem bem e saber que podem acontecer com elas também”, acrescentou.
Ver essa foto no Instagram
“A presença de modelos negros na passarela tem aumentado de três ou quatro anos para cá. Vejo isso no Brasil e lá fora também tem uma diversidade até maior. Antigamente não tinha essa demanda. Mas isso é por causa da pressão que a sociedade tem feito”, afirmou ao “Elas no Tapete Vermelho”. Mas, segundo ela, a conta ainda não está equilibrada. Tanto no Brasil quanto no mundo, a situação da população negra ainda carece de acesso à saúde, a empregos bons, à educação. “Mas a gente vai chegar lá”.
“Há ainda muito preconceito contra a população negra, não só o Brasil, mas como estamos aqui, temos que falar, temos que denunciar, colocar a boca no trombone. E as mídias sociais estão aí para isso. Houve um grande impacto no Brasil depois que algumas modelos negras começaram a denunciar, a citar marcas. É aquela frase, quem vê close não vê corre. A gente vem batalhando há anos para isso e finalmente estão cedendo a pressão”, afirmou.
Volta à passarela
Após dois anos afastada das passarelas, Lais Ribeiro conta que ficou muito feliz por voltar a desfilar justamente no Brasil. “Vim para fazer um outro trabalho e quando o Luis Fiod me chamou, aceitei na hora. Adoro voltar e rever as pessoas que começaram comigo”, disse ao fazer uma confissão: “Acredite ou não, eu sempre fico nervosa antes dos desfiles.”
Aliviada, assim como todos nós, de a vida estar voltando à normalidade, Lais espera que a pandemia tenha servido de aprendizado para as pessoas. “É bom ver que as coisas estão começando a se movimentar. O presente é hoje e, depois dessa pandemia, eu pessoalmente estou tentando melhorar. As pessoas tem que olhar para as outras, como um todo, e não apenas para si mesmo”, concluiu.