SPFW: vacina, famosas e games marcam evento presencial

O primeiro dia do SPFW em seu retorno presencial ao Ibirapuera teve exigência de vacina para a imprensa, nada de superlotação nas salas nem nos corredores do Pavilhão das Culturas Brasileiras, onde o evento está sendo realizado, e uma sensação de quase volta à normalidade. Em formato híbrido, com desfiles ao vivo e digitais, teve o retorno de tops e famosas nas passarelas, conforto em todos os looks apresentados, uma breve história da indústria têxtil no Brasil e skins (roupas de personagens de games) transformadas em peças reais.

Monica Martelli e Isabella Fiorentino (Foto: Reprodução/Instagram/@isabellafiorentino)
Monica Martelli e Isabella Fiorentino (Foto: Reprodução/Instagram/@isabellafiorentino)

Nessa variedade de novidades que a moda nos traz, Alinne Moraes, Lais Ribeiro, Isabella, Fiorentino, Monica Martelli (estreando na passarela do SPFW), Isabeli Fontana, Renata Kuerten e Daiane Conterato foram algumas das que cruzaram as passarelas presenciais. Alinne Moraes até deixou para cortar os cabelos, mudando o visual da personagem Bárbara, em “Um Lugar ao Sol”,  após três anos com os fios longos.

O SPFW mantém a exigência de 50% de modelos com ascendência afro e indígena, o que tem sido cumprido nas passarelas de forma natural e espontânea. Com certeza, a noção antirracista e de diversidade, incluindo de gênero e silhueta, já têm obtido resultado na moda, ainda que o caminho seja longo. Estilista pretos também estão sendo valorizados no evento, com atitudes como o Projeto Sankofa, de criadores negros jovens, e outros designers que fazem parte do line-up.

A moda como inclusão também deu as caras no evento, por meio do projeto Cria Costura, que abriu a tarde de desfiles no Ibirapuera, formado por talentos em design de moda entre paulistanos da periferia. Ao som de carrinhos ambulantes, um cortejo formado pelos participantes junto da embaixadora do projeto, Amanda Pieroni, percorreram o evento – alguns com bandeiras em punho – até chegar à sala de desfile. De criadores viraram modelos, que usaram a mesma peça de várias formas diferentes, mostrando que a moda hoje é diversa e democrática.

Assim como desfile das skins do game Free Fire se transformaram em looks da vida real, em desfile patrocinado pelo Banco Santander, outro patrocinador,  do evento, a Lojas Marisa, realizou o vídeo fashion com a marca Mama Di African Clothes, uma das selecionadas pelo Festival SPFW + Regeneração, que reúne ações inclusivas, sustentáveis e culturais.  A marca paulistana, da costureira Diane Ferreira e seu filho Greyfus Romualdo, passou por imersão com de três mentores – a estilista Juliana Jabour, o idealizador e diretor criativo do SPFW, Paulo Borges, e a head de estilo da Companhia, Andrea Iha. O resultado, exibido no vídeo, foi transformado numa coleção cápsula.

Confira um pouco dos demais desfiles apresentados no SPFW N52

SPFW N’GAME

O universo dos games invadiu a passarela do SPFW com skins (trajes dos personagens) transformadas em looks reais pelas mão do stylist Daniel Ueda, que trabalhou em conjunto com Alexandre Herchcovitch. A top Isabeli Fontana abriu o desfile, com peruca preta curta e look rosa. Renata Kuerten, outras modelos e gamers também cruzaram a passarela, rodeada por projeções dos jogos, nas quais personagens usavam skins semelhantes às desfiladas. As peças, inspiradas nas 20 skins mais vendidas do jogo Free Fire, são únicas foram à leilão virtual promovido logo após o desfile. O valor arrecadado será a destinado a programas de ajuda a pessoas em situação de pobreza e fome, apoiados pelo Banco . O leilão começou com lance mínimo para cada uma das “skins reais” de R$ 2000.

Ronaldo Fraga

O estilista mineiro Ronaldo Fraga contou em vídeo narrado por ele a história têxtil brasileira. Com o tema Entre Tramas & Beijos, a produção, ambientada em Guabiruba, cidade vizinha a Brusque, em Santa Catarina – um dos principais polos têxteis do país -, o mineiro enfatizou a criação do jacquard, cuja trama dos fios formam desenhos, muitas vezes confundidos com estamparia.

Num casamento imaginário, que mostrou também a culinária local, o mineiro colocou em funcionários da RenauxView – empresa com a qual ele desenvolve tecidos exclusivos há mais de 15 anos -, com diferentes biótipos. Um deles foi Walter Orthmann, com  99 anos, considerado pelo Guinness Book ‘o colaborador com mais tempo de atuação em uma mesma empresa em todo o mundo’. Fraga diz que resgatou desenhos florais criados há 100 anos, usados nas cortinas, produzidos na antiga fábrica Renaux. “São flores que um dia vestiram paredes e janelas do Brasil e agora vestirão diferentes corpos e histórias para uma grande festa que é a moda”. Uma atmosfera

À La Garçonne

A grife À La Garçonne, de Alexandre Herchcovicth e seu marido Fabio Souza, mostrou em seu filme fashion silhuetas que passeavam entre os anos 1970 e 1920 (com cinturas um pouco mais baixa). Mas a inspiração da coleção também apareceu por meio de filmes de terror, como O Exorcista, de 1973, que serviu como ponto de partida para chegar às formas e matérias-primas da coleção.

Gremlins, It, A Nightmare on Elm Street, Friday the 13th. Uma atmosfera sombria, com xadrezes (inclusive nos calçados) e tons entre cinza, verde e azulados, encontra materiais reutilizados, uma filosofia da marca criada há sete anos, em patchworks de tecidos também florais. A grife algumas roupas que vão do 4XP até o 7XG.

Torinno

A marca criada em 2017 por Luis Fiod apresentou em desfile presencial a recém-lançada linha feminina, ao lado da masculina. Na passarela, Alinne Moraes, Lais Ribeiro, Daiane Conterato, Marlon Teixeira e outros tops mostraram uma moda tida como easy chic, descomplicada e sofisticada ao mesmo tempo. A inspiração foi nas metrópoles à beira-mar, como o calor exuberante de Dubai e e o lifestyle cool de Los Angeles.

Em cores que vão do branco, bege, cinza ao rosa-choque, passando por amarelo e verde neon. além e azuis e lavanda, a marca apostou no conforto, como a releitura da camisa social, que vira vestido franzido, e com bermudas, calças largas, vestido, tops, túnicas e bodies. Alinne Moraes usoulook de lurex prateado transparente. Os tecidos são náilon, malha, algodão e jeans, ao lado de tricô, couro e seda.

Anacê

A marca Anacê apresentou em seu filme-fashion “Uma Noite e Meia”, cores vivas e peles à mostra, marcando um momento de euforia e sentidos, em que o contato e a volta às ruas volta a se tornar realidade, Nesse contexto, entram tramas abertas, modelagens justas e largas, tudo para respirar e voltar a sentir a vida. ” Uma noite e meia fala sobre o despertar dos desejos e da busca por sensações em um mundo novo”, afirmou no material de divulgação. Tricô e alfaiataria casual estão entre os destaques das roupas, que já estão à venda no site da marca.

Mnisis

Estreante no evento, a marca Mnisis, de Marina Costa, levou a coleção Bololô ao SPFW e se inspirou no tempo, tanto que no filme fashion, o contador do relógio do microondas foi também figura chave. A tradução dessa relação de afrouxamento de um tempo para o outro, a estilista apostou em construções de elásticos, babados em ondas, tudo em tecido esportivo, como o poliéster, e em plumas, strass, bordados com miçangas. Nas cores, a cartela viva é inspirada nas telas do celular, mostrando o tempo que passamos na frente dos aparelhos. No casting, a presença também da modelo trans indígena Sumé Yina. Nascida no Rio de Janeiro, a jovem de 24 anos debuta na carreira e no SPFW: “Busco a incorporação da diversidade de gênero e de possibilidades mais livres de atuação na moda e na arte”, revela.

Aluf

 

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A marca Aluf apresentou a coleção “O Tão Sonhado Lado de Fora”, após o tempo pandêmico. E para isso, criou peças leves, de seda e de linho, em tons suaves com de branco, verde, preto. No filme fashion, a estilista Ana Luisa Fernandes lembrou que o lado de fora dela era foi o mato, o mar. “A ânsia por viver momentos onde o vento acariciava minha pele. O cheiro do mato, o barulho da floresta e seus pássaros. O ar puro que circula por lá. As risadas, a leveza, a vida.” Assim, as peças são leves, algumas como camisa e como lenços, também trazendo desenhos amplos de flores.

Modem

A Modem, de André Buffano fez sua sétima apresentação no SPFW, a segunda digital, apostando mais uma vez na moda unissex, para mulheres e homens que busca sofisticação em peças unissex. A essência da coleção veio com formas amplas em cinturas marcadas, comprimento mídi e sobreposições. Multifuncionais, as peças vêm também com partes destacáveis, ampliando as formas de usá-las. No filme, a peça que se destaca são as bolsas, em várias cores, chamadas Curvebag, que vem com estrutura alongada e em curva, alça texturizada e ilhoses metálicos.

Lilly Sarti


A marca Lilly Sarti comemorou seus 15 anos de existência e levou para a passarela nomes como Monica Martelli e Isabella Fiorentino, além de influenciadoras digitais. A coleção da marca, com lojas no shopping Iguatemi e nos Jardins, mantém o estilo boho chic que sempre marcou sua terajetória, com estampas de animais, peças alongadas e fluidas, tons terrosos misturados a jaquetas e casaco de alfaiataria, além de peças com recortes, como body preto desfilado por Fiorentino, com calça preta e casaco em animal print. O jacquard de tricô foi também presença marcante, inclusive no look de Monica Martelli.

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