Empresária e mãe conta como negócio de beleza mudou na pandemia

A empresária Cecília Ribeiro, que criou a 3,2,1 Beauty, ao lado de Luciana Vida, conta como a empresa, que cresceu 664% em apenas quatro anos, adaptou-se ao novos tempos da pandemia, assessorando salões de bairro.

Cecília Ribeiro pandemia (Foto: @larissamanoela/Instagram/Reprodução)
Cecília Ribeiro (Foto: @larissamanoela/Instagram/Reprodução)

Criada como negócio B2B (abreviação da expressão em inglês business-to-business, que em tradução livre significa algo como “de empresa para empresa”),  a 3,2,1 Beauty foi pensada para levar serviço de beleza para dentro das empresas. “Trabalhando no mundo corporativo, eu, como várias mulheres, muitas vezes trocava o horário do almoço para ir à manicure”, conta Cecília, que resolveu justamente empreender nessa área.

Depois de uma reunião com os CEOs da 99 e do Nubank, em que apresentava a ideia para eles, perguntou se podia colocar uma manicure dentro das empresas. Deu certo na hora. A ideia das sócias foi unir suas experiências para empoderar mulheres que trabalham e que são mães. A empresa passou a atender várias grandes empresas, como Petrobras, Google, entre outras.

Com o home office e a pandemia, tiveram que mudar o foco e começaram a atender salões de bairro, dando assistência administrativa. “Geralmente os donos dos salões são profissionais de beleza e não têm experiência em gestão. E aí que a gente entra”, explicou em vídeo Cecília Ribeira, ao “Elas no Tapete Vermelho”.

Na gravação exclusiva, ela deu uma dica e tanto para fazer hidratação dos cabelos em casa com o mesmo resultado obtido nos salões. Ideal para tempos de pandemia. Confira no vídeo.

Maternidade

Cecilia saiu do mundo corporativo para empreender com propósito e conseguiu levantar o maior seed round (investimento semente) liderado por uma mulher em 2020. Ela conta do processo de captação de recursos com fundos de Venture Capital durante o período de amamentação: “A maternidade amplifica a capacidade de ser uma CEO efetiva. Descobri que com flexibilidade de horário e uma rede de apoio, é possível equilibrar a agenda pesada de trabalho e a demanda familiar”, hoje, mãe de 2 filhos, uma menina de 2 anos e um menino de 5 meses.

Segundo as fundadoras a maternidade é um superpoder. “Você aprende a ser extremamente eficiente, priorizar as demandas e ser cirúrgica nas suas colocações”, explica Luciana Vida.

Luciana Vida e Cecília Ribeiro (Foto: Divulgação)
Luciana Vida e Cecília Ribeiro (Foto: Divulgação)

As sócias uniram suas experiências de forma a empoderar as mulheres com quem trabalham. A 3,2,1 Beauty está entre as 4,7% das startups lideradas somente por mulheres, segundo estudo do Distrito, demonstrando a grande desigualdade de gênero no ecossistema. Ao avaliar os investimentos recebidos, existe uma disparidade ainda maior, empresas lideradas por mulheres representam apenas 0,04% do investimento total aportado em 2020.

Segundo levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), até 2030, a participação das mulheres no mercado brasileiro deve crescer mais do que a masculina, mas até o momento, a situação não é muito animadora: apenas 19% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres, abaixo da média mundial de 27%. Muito disso vem pela questão de como a maternidade é tratada no país.

Ainda nos dias de hoje mulheres ficam inseguras se terão ou não seus empregos de volta após suas licenças terminarem e tais exemplos não ficam apenas no âmbito empresarial. De acordo com estudo da Fundação Getúlio Vargas, aproximadamente metade das mulheres é demitida em até dois anos após a licença maternidade. Quando se é mãe e lidera uma startup, a licença maternidade oficial não existe e é preciso disciplina e flexibilidade para liderar mudanças.

 

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