O estilista João Pimenta cobriu seus modelos da cabeça aos pés, numa apresentação em que só apareciam os olhos dos modelos. Tudo com camadas e camadas de roupas, num mix de texturas, tecidos, peças e bordados. Mais um reflexo que a pandemia trouxe à produção fashion do Brasil, que tem sido o mote de vários desfiles no SPFW.
No material de divulgação, o estilista lembra que as soluções preventivas recuperaram máscaras e luvas. “O indivíduo deixou sua identidade coberta. Brilharam apenas os olhos, alegres ou tristes. A comunicação do olhar passou a ser essencial”, afirmou.
Os escudos que as roupas se transformaram foram levados ao extremo na lógica de Pimenta. A trilha sonora mesclava-se com a respiração ofegante, angustiante. As sobreposições, porém, ainda que duras, aparecem em tecidos de alfaiataria, algodões, lãs, mas se suavizam com a presença de rendas, crochês, tricôs, babados e mangas bufantes, sim, elas vieram para ficar.
Os xadrezes conversam com camuflados enfeitados, com bordados e cristais, com linhas e pedaços de tecidos aplicados. Estruturas montadas na cabeça lembram moicanos; segundas peles se completas com camisas, calças, vestidos shorts.
Num mundo livre de vírus, as camadas propostas por João Pimenta podem ir se soltando e se juntando a outros elementos mais leves, como um dos casacos, estruturado, com bordados e mangas bufantes, que fica ótimo com um vestido leve, longo e soltinho, visto em outros desfiles. Na plateia virtual da apresentação, uma pessoa escreveu que os looks propostos por João Pimenta são perfeitos para Lady Gaga. Por que não?