O consultor de moda e apresentador do “Esquadrão da Moda”, do SBT, Arlindo Grund, participou de live no perfil do Instagram do “Elas no Tapete Vermelho”, e falou sobre como as empresas e os consumidores de moda devem se comportar no pós-pandemia, sobre possíveis tendências que vão surgir, como formas orgânicas, cores que trazem aconchego, a ideia de roupas como proteção e escudo, além de novas formas de as lojas atenderem seus clientes.
Grund também contou como o programa do SBT está sendo gravado, com novos procedimentos sanitários, por conta da pandemia e disse que a moda utilitária é uma das principais tendências atuais, pois trazem compartimentos para máscaras e álcool gel. “Vimos também, principalmente durante o inverno Europeu, muita gente usando várias peças sobrepostas, com jaqueta de lã, sob outra matelassada, sobreposta com casaco três oitavos, criando escudos para quando chegar em casa, a roupa que está próxima de seu corpo esteja teoricamente limpa”, afirmou ele.
Confira resumo da live e, abaixo, link para ver a live completa.
Relação das marcas com o consumidor
“Com a pandemia, temos de prestar atenção em nossos valores, o que mudou ou não mudou, o que a gente lapidou o que a gente deixou bruto. A partir daí, a gente começa a entender o que aconteceu no mercado. É como uma onda. Quando se fala que a empresa precisa ter algum valor, fala-se dos donos, dos empregados, porque uma sala física não tem o poder de ter empatia. Tem muito a ver com os valores das pessoas, dos dirigentes, dos donos da marca, dos estilistas, de quem trabalha na linha de frente. Temos que entender que os nossos valores têm que ser próximos ou iguais aos valores de quem vamos consumir. Assim a gente está chancelando um produto a partir de um benefício ao próximo. Importante ver se há um valor de empatia e de olhar para sociedade, não de uma maneira macro, mas para as pessoas que estão do nosso lado. Muitas marcas nacionais fazem isso olhando os fornecedores próximos, criando uma teia de conexão. Isso faz a economia crescer. Criar esse ponto de intersecção entre nosso valores e os da marca é uma grande história.”
Bandeiras e causas
“Cada marca vai precisar determinar seu valor, seu ponto de intersecção com o consumidor. Muitas só vão levantar uma bandeira e a partir daí, visar seu lucro. Precisamos ver se a empresa realmente luta por uma causa ou se está ali só para mostrar que tem uma bandeira. E não precisa ser só em relação à moda. Pode ser pelos animais silvestres, pelo reflorestamento, pelos cachorros de rua. Há muitas causas para abraçar, isso não significa tirar o lucro de seu bolso, se isso o incomoda como empresário, mas se doar como pessoa, uma hora por dia, por semana, por mês. O consumidor daí vai ver se o valor da marca é realmente verdadeiro. Se for, talvez continue consumindo. Se não for verdadeiro, a pessoa até pode comprar, mas vai saber que está consumindo um produto que não está comunicando a verdade.”
Inclusão
“Sobre temas de inclusão, é necessário ter uma inclusão da diversidade humana em todos os segmentos do trabalho, não só na ponta, aquela que vai aparecer ao grande público. Não adianta ter um negro no set, como modelo, mas sendo fotografado por brancos, maquiados por brancos. É necessária uma representatividade dentro de uma escala global de trabalho. Também não se pode pensar só na pessoa que vai ser exposta ao público e nem só na senhora do cafezinho. Por que não contratar um fotógrafo negro, uma maquiadora, profissional de ponta negros, trans etc.?”
Consumo desenfreado
“A gente está vendo pessoas carentes de comprar, vendo um consumo desenfreado, até de forma exagerada, nesse primeiro momento em que as coisas estão começando a flexibilizar. É preocupante, mas também sabemos que toda vez que as pessoas têm que se enclausurar em casa, por algum tipo de acontecimento, como uma guerra, tem essa ânsia de entretenimento, de volta ao glamour, da volta ao consumo. É preciso entender que o consumo não precisa ser tão exagerado do jeito que vinha. Era uma coisa assustadora”.
Ver essa foto no Instagram
Roupa pós-pandemia
“Algumas coisas na forma de se vestir vão mudar. Uma delas já estamos vendo: as calças, vestidos longos, calças flare, que as mulheres usam e arrastam no chão e trazem aquele charme todo, sensualidade e romantismo. Isso acabou, porque pode levar o vírus para dentro de casa. Os comprimentos serão mais curtos. Já está acontecendo também um movimento muito forte na moda utilitária, tudo próximo ao seu corpo. O cinto utilitário, que tem diversos compartimentos, além de colocar o celular e a carteira, vai ter compartimento também para álcool em gel, máscaras, luvas.”
Escudos e camadas de proteção
“Há também um crescimento da moda mais confortável, talvez porque estramos ficando muito tempo em casa. Percebe-se que as pessoas estão se desprendendo de alguns paradigmas e preconceitos. Por exemplo, vejo as pessoas usando conjunto de moletom, com calça e blusa igual, e casacão por cima. Isso já é uma mudança no comportamento, porque estão criando camadas para se proteger. Na Europa, no final do inverno, foram vistos looks que iam além do efeito cebola, que é só fazer uma sobreposição em cima de uma peça sobre outra e a silhueta fica harmonizada. Mas dessa vez, houve muitos volumes e texturas. Jaqueta de lã, com jaqueta matelassada, sobreposta com casaco três oitavos, criando escudos para quando você chegar em casa e a roupa que está próxima de seu corpo esteja teoricamente limpa.”
Tecidos antivirais
“A partir de agora, esses tecidos que desativam os vírus vieram para ficar. Mesmo quando encontrarem uma vacina, permanecerão de uma maneira muito forte na moda. Além do utilitário, a gente vai ter também o charme do design..Novas possibilidades em tecidos com texturas e novas aplicações. A criatividade não vai ter limite.”
Máscaras como acessório
“Indagado sobre pessoas que estão usando máscaras combinando com o look, Arlindo afirmou que não é necessário se preocupar fazer essa combinação de estilo. “Tem gente que só tem duas máscaras. A pessoa se olha no espelho e se não estiver combinando não vai sair de casa. Não é momento de falar disso. Se tem a possibilidade e quiser fazer sua harmonia, é bacana, mas tem que entender que a máscara é item fundamental. Não precisa ficar preocupada com a maquiagem que combina, a cor que combina. Hoje o que a gente precisa é a máscara e pronto. É um Equipamento de Proteção Individual”.
Ver essa foto no Instagram
Gravações para o programa
“Ficamos dois meses sem gravar e agora está sendo muito diferente. Abordamos a participante de máscara em algum lugar de São Paulo. Antes da flexibilização, a encontrávamos na casa dela. Agora, combinamos com o cúmplice (quem indicou a participante ao programa) em um lugar que seja do universo da pessoa. Há uma preocupação em minimizar qualquer problema. Às terças, gravamos no estúdio, a cena do que volta e o que não volta para ela, a consultoria e a cena do espelho. Não entramos mais com ela no espelho. Ficamos do lado de fora, numa sala separada, com áudio e vamos comentando os looks. O cabelo e maquiagem são feitos com todos os procedimentos de segurança e higiene.pelo Rodrigo Cintra e pela Vanessa Rozan. Outra mudança é que agora a participante está fazendo também compras online. Assim, damos dicas para quem está em casa fazer de uma maneira mais assertiva. Na quinta-feira, normalmente no estúdio, analisamos tudo o que comprou. Com a flexibilização, a gente começou a levar a participante à loja”.
Acessórios
“Hoje a janela de comunicação é a tela do celular, aparecemos apenas na parte de cima, por isso está existindo uma preocupação com acessórios. Recebo várias perguntas sobre que acessório usar, se pode usar algo diferente do que usa no trabalho. O acessório na rua, porém, pode ser uma fonte de contaminação, assim como a joia. Tenho percebido uma atitude mais minimalista no estilo como um todo. E vejo esse minimalismo também em acessório. Mas a moda tem dois polos. Uma parte vai querer brincos e coisas grandes, lenços, mudar a armação de óculos. Ao mesmo tempo, há os que vão querer algo mais discreto, uma joia, até porque as pessoas não estão querendo muita comemoração.”
Designer
“Acredito também que as pessoas vão atrás do designer, mas de um designer diferente, mais sensorial, de olfato, toque, de sensação térmica diferente. O ir à loja vai estar muito atrelado a novas experiências que as marcas poderão nos proporcionar. Hoje, a ideia é entrar numa loja, sair rápido para se sentir protegido. Então, quanto mais experiência sensorial a loja oferecer, talvez o pensamento fique mais calmo, a pessoa se desligue de tanta coisa e isso acabe influenciando na compra, se entregue a essa experiência sensorial e entenda que pode continuar comprando. Isso vai fazer também que se mantenha os brechós ativos. mas de uma maneira consciente, olhando para seu guarda-roupa, trazendo peças novas e doando outra. A moda circula, a energia circula e faz o tão sonhado papel social que a moda busca.”
;
Tie-dye
“O tie-dye é uma tendência de verão que chegou ao inverno, para trazer cor e alegria. E muitas pessoas que estavam sem fazer nada em casa perceberam que era uma ótima possibilidade para quem queria começar um pequeno negócio, um novo segmento. Então, por que não começar esse trabalho artesanal? Tem o tie-dye, tem técnica japonesa do shibori, que não traz o efeito de explosão, não fica tão saturada. Tem também o a técnica do pau-brasil, do tingimento orgânico, que começa vibrante e vai diminuindo a saturação. São processos manuais podem ser feitos em casa para usar ou para vender. O tie-dye vai continuar até o próximo verão e talvez até depois.” Na imagem acima, a modelo Bruna Misio D Col abriu sua marda Tie-Dye Soul Art durante a pandemia.
Ver essa foto no Instagram
Tendência
“A gente vai começar a ver uma tendência diferente agora, de cores clarinhas, que remetem para aquelas pastas italianas, que remetem para o almoço em família, trazendo uma sensação de aconchego e proximidade. Vai ver uma invasão de formas orgânicas, inspiradas na natureza, na neve no sentido da transparência e do gelo. De estruturas sólidas, quanto das espumas vindas do mar. Também em estruturas das cerâmicas que inspiram a roupa, como na coleção da Berluti.”
Bactérias e fungos
“Duas tendências fortes, uma delas derivadas de uma tempestade no deserto, com uma textura de areia no tecido, cores que começam claras e vão ficando escuras, não no tie-dye ou dégradé, mas numa própria estampa. Haverá também inspiração nas bactérias e fungos,porque quando esses elementos são aproximados no microscópio, surgem formas interessantes. E tem também o momento doce, que lembram as cores açucaradas como um véu na frente dos tons fortes, porque a gente precisa dar uma acalmada, para sobrepor exatamente essa explosão de cores que a gente está vendo até agora. Isso em tudo, na moda, no designer, nos móveis, na decoração. São tendências para 2021 e 2022, de acordo com Li Edelkoort (uma das maiores autoridades sobre tendências futuras)”.
Ver essa foto no Instagram
Sapatos como proteção
“Os pés também estarão protegidos. Vai usar sandália rasteira e de dedo no verão? Primeiro, a gente não sabe se vai sair de casa. Vai querer se sair protegido. Uma sandália na rua vai te dar a sensação de proteção? Não vai. A menos que saia de casa, entre no carro e, mesmo assim, ainda está sujeito a contaminação. Muitas marcas de performance esportiva estão criando sapatos para academia e para o dia a dia. Há sapatos que vestem os seus pés. Outros que podem ser usados com uma sandália por cima. Na Europa, os homens já usavam proteção de plástico, que vem no formato do sapato. O instinto humano de proteção vai ser mais forte. Os coturnos estão voltando, com os saltos mais tratorados, os modelos flats (retos e baixos) vem com sola mais alta. A gente vai continuar se cobrindo no verão.”
Coloração pessoal
“É interessante a coloração pessoal para começar a comprar de formas mais assertivas. A coloração é mais para as peças que estão próximas de seu rosto. Mas a gente não precisa ser refém. Pode usar na parte de baixo também, como, por exemplo, uma peça cinza em cima e um rosa embaixo. Isso deixa o interlocutor confuso, mas prova a criatividade de quem usa. A cor tem o poder de influenciar o estado de espirito da gente, pode te deixar mais alegre e vibrante. Mas não vai curar uma depressão. Para isso, é preciso de médico. Se a pessoa não fez sua coloração pessoal, uma boa forma de perceber, sem ficar atrelado a normas, é usar a intuição. Se você veste uma cor e as pessoas começam a perguntar se você fez alguma coisa no rosto, a falar que você está mais jovem, mais bonita, de forma recorrente, então é essa cor que te favorece. Há tons e subtons das cores, mas não dá para virar refém dela.
Dicas para as mais gordas
Se é gordinha, está acima do peso,a primeira coisa a fazer é praticar a aceitação. Uma coisa que tem incomoda pode ser o que mais agrada a pessoa amada. As encanações foram colocadas na nossa cabeça, por padrões estéticos, até por culpa da moda, mas o importante é ser feliz.
“Aceite-se do jeito que você é e use a moda a seu favor. Aposte em peças que representem a sua personalidade e seu estilo. Agora, como a moda é maravilhosa, ela também dá a possibilidade de você usar peças e mudar o formato de seu corpo. Na hora de escolher seu estilo, veja aquele que mais representa a sua personalidade. Você pode ser uma mulher com vários estilos. Por exemplo, de manhã, mais formal, à tarde mais mais descontraída; à noite, mais sexy. Veja qual é o seu estilo principal. Se é gordinha, está acima do peso,a primeira coisa a fazer é praticar a aceitação. Uma coisa que tem incomoda pode ser o que mais agrada a pessoa amada. As encanações foram colocadas na nossa cabeça, por padrões estéticos, até por culpa da moda, mas o importante é ser feliz.
Confira a live completa abaixo