Ele é conhecido como o “Rei das Loiras” e o “Cabeleireiro das Estrelas”. Trata-se de Marco Antonio de Biaggi, que participou da live no perfil do Instagram do “Elas no Tapete Vermelho” (veja íntegra abaixo), e deu dicas valiosas e práticas para cuidar dos fios na quarentena e para superar obstáculos. Contou um pouco de sua trajetória profissional. “Não pulei etapas. Varri salão, fui assistente. Fiz o que tinha que ser feito. Sorte não existe. É preparo, encontro e oportunidade”, afirmou.
Não existe praticamente uma famosa brasileira, cujos cabelos não tenham passado pelas suas mãos. Isso desde os anos 1980, com nomes como Luiza Brunet e Luma de Oliveira, até as mais recentes, como Marina Ruy Barbosa. “Fiz 398 capas da revista Nova“, conta com orgulho. Na verdade, ostenta em seu currículo mais de mil capas de revistas, em títulos como Playboy, Claudia, Corpo a Corpo, Cabelos & Cia para citar algumas. Foi fazendo uma Playboy, há mais de 25 anos, que recebeu os títulos que ostenta até hoje. Isso quando arrumou os cabelos de Adriane Galisteu, após a morte de Ayrton Senna, uma das mais vendidas da história.
Biaggi vem de família humilde e já esteve à beira da morte, após ser diagnosticado em 2015 com um tumor no sistema linfático, doença que destrói as defesas do organismo. No ano seguinte, sentia problema para respirar e no hospital foi diagnosticado com infecção pulmonar severa. Foi socorrido por um aparelho que funciona como um pulmão externo. Na internação, constatou-se uma lesão na artéria coronária esquerda, que exigiu cirurgia cardíaca. Por conta disso, ficou praticamente 5 meses em coma, alternando com períodos de alucinações.
“Perdi quase 40 kg, reaprendi a andar. E sei que tudo passa”, afirmou ele, que preparou uma ação para ajudar 10 salões com até 10 funcionários, por meio de doações espontâneas e durante lives que ocorreram nas últimas semanas.
Ver essa foto no Instagram
Confira abaixo trechos da live, com algumas histórias de sua vida e as dicas, como usar óleo de coco e vinagre, em casa, para manter os cabelos lindos, mesmo durante permanecendo em casa.
Não desistir nunca
“Estamos vivendo um momento difícil, com medo da Covid, com uma politica desequilibrada, mas o importante é saber que não é uma coisa isolada, mas mundial. Eu vivi o turbilhão das Aids nos anos 1980, estive internado seis meses, fique dois anos afastado, reaprendi a andar, perdi 40 kg.E sei que tudo passa. Uma coisa é não desistir.”
Não pular etapas
“Um dos conselhos que dou para quem está começando é não pular etapas. Não sou nada mais do que ninguém. E o nosso trabalho é de repetição. Eu tinha o sonho de ser ‘O’ cabeleireiro e de ajudar minha família, pois sou de origem humilde. Então, fiz o que tinha que fazer, fui assistente, varri o chão, fiz o curso no Senac. Sorte não existe. É preparo, encontro e oportunidade.
Escrevendo sonhos
“Tive bombonière que quebrou por causa dos planos econômicos nos anos 1980, trabalhei no Ceagesp, anotando as mercadorias que chegava, até que tive um ‘despertar”, quando vi uma capa da Nova numa banca de jornal. E disse que queria fazer aquilo. Antes, havia caído nas minhas mãos uma revista sa Seicho No Ye, que dizia que tínhamos que escrever nossos sonhos em papel. Eu fazia isso com lápis e colocava na Bíblia. Depois soube que existe uma magia em escrever com lápis, porque é matéria orgânica e mineral.
Muitos nãos
“No curso do Senac, descobri realmente o meu dom. Lá, as horas passavam e eu não me dava conta. As manequins que faziam curso lá, pagavam 1 ou 2 reais (cruzeiros, na época), para a gente cortar e eu sempre era o último a sair do salão de lá. Fiz um cento de cartões, peguei minha motinho, o único bem que tinha sobrado dos planos econômicos, e fui a 80 estúdios de fotografia. Recebi 80 nãos. Eu virava as costas, o pessoal rasgava o cartão. Um dia ligaram da companhia de cinema para um teste com 50 modelos. Minha mães comprou toalhas novas para levar Fui sem medo, porque acreditava em mim. Duas semanas depois, me chamaram para um filme de publicidade com uma atriz nova na época: Patricia Pillar”.
Fotos pequenas
“Depois, entrei numa agência de cabeleireiro e maquiador, mas só me davam fotos pequenas. Um dia, a editora da “Nova’ pediu para eu fazer o cabelo da diretora para a foto da carta que era publicada todo mês. Fui ao banheiro e ajoelhei.. Ela disse que eu tinha mãos chiques e dentes bonitos e perguntou se eu podia fazer a próxima capa, porque queria um olhar novo para a revista. Como não sou bobo, disse que tinha justamente a agenda aberta só na segunda-feira, dia da foto. mas cometi um erro. falei para todo mundo que tinha feito a capa da revista. No dia que saiu publicada, a modelo morrei. Hoje, só conto alguma coisa após 91 dias.”
Brunet e Luma
“Depois dessa capa, passou mais um ano até me chamarem para fazer duas capas, uma à tarde e outra à noite. Eram Luiza Brunet e Luma de Oliveira. Desse dia em diante, foram 398 capas, ou quase 30 anos na ‘Nova’, sem contar todas as outras, como Cláudia, Corpo a Corpo, Playboy. Mas capa de revista não dá dinheiro.”
Salões
“Tive um outro despertar quando me sugeriram trabalhar em salões. No dia seguinte, fui pedir emprego no Bela, de Richard Metairon. um dos salões mais importantes da época. Cheguei lá e coloquei fotos das capas das revistas que tinha feito num painel de cortiça. Os outros cabeleireiros riam e falavam que tinha virado banca de jornal. Mas minha cadeira ficava vazia. Fiz uma coisa que hoje se chama branding pessoal ou marleting pessoal. Fiz mais cartões e ia nas lojas famosas da Oscar Freire e rtegião, como Forum, Zoomp, Soft Machine, Fiorucci e falava que era o Marco Antonio, da capa da Nova e oferecia corte de cabelo de graça às vendedoras e gerentes. No boca a boca, minha cadeira foi ficando concorrida.”
Ver essa foto no Instagram
Adriane Galisteu
“Eu ainda fazia as capas e um dia, tinham me chamado para fazer Cindy Crawford, a principal top model da época. Mas me puxaram o tapete e cancelaram. Foi providencial. No dia seguinte, me ligaram para ver se eu podia fazer uma capa à meia-noite, para a Nova. Eu perguntei quem era e falaram que era a viuvinha do Senna. Aceitei. Adriane Galisteu gostou tanto do cabelo quando soltei com os bobes de velcro, que tinha trazido de Nova York, nas viagens baratas que fazia para lá, comendo só McDonalds, que disse que me chamaria se fechasse com a “Playboy”. Cinco dias depois, estava embarcando com ela para a Grécia.
Depilação com Gillette
“Nunca mostrei nada de bastidores antes de saírem, mas as jornalistas me ligavam para perguntar detalhes. Eu falava da tiara que usava, que tinha tingido os cabelos delas com o loiro de Pamela Anderson.Ma uma jornalista me disse que se eu falasse algo mais, daria uma foto minha grande na coluna. Aí, sem mostrar nada, falei que Galisteu tinha depilado a ‘periquita’ com Gillette. Resultado, quando voltei fui chamado a vários canais de TV dei várias entrevistas e a revista foi uma das mais vendidas, porque eu havia criado curiosidade. Me tornei o Cabeleireiro das Celebridades e o Rei das Loiras.
Orgulho de ser cabeleireiro
“Hoje, faço palestras no Brasil e em vários países e sempre me perguntam como quero se chamado, de “entrepreneur”, “empreendeDor” e sempre digo que sou cabeleireiro, em português mesmo. Uma coisa que tenho é trazer orgulho e dignidade a essa profissão. Ganhei muito dinheiro, comprei o apartamento da minha mãe, comprei o apartamento que era do Raí, onde moro, tenho obras de artes, mas não consigo comprar carros de marca, co o um Mercedes, e parar nos faróis e ver as crianças vendendo balas. nem nunca quis ter um Rolex com diamantes.”
Salão próprio
“Trabalhando em outros salões, ganhei bastante dinheiro, mas uma pessoa me disse que eu devia ter meu próprio salão. Eu não queria responsabilidade, como quando estoura uma lavatório. Então, fiz um monte de exigências, do tipo, se for, tem que ser em tal quadrilátero dos Jardins, um prédio com dois andares, com arquiteto famoso. Ela aceitou e disse que ia procurar tudo o que eu queria. Foi assim que há 20 anos, abri o MG HaIr. A sociedade foi desfeita há 10 anos, porque no começo, tudo bem, o sócio entra com dinheiro e a gente com clientes e trabalho, depois começa a ficar difícil. Hoje, minha irmã cuida da administração e financeiro, com um escritório só para isso.” A sócia de Marco Antonio era Lucinha Mauro.
Vida pós-doença
“Minha vida era salão, capas de revista, academia, trabalho. Eu trabalhava de domingo a domingo e entrava em casa da cozinha para o quarto, e banheiro. Depois da doença, comecei a dar mais valor as coisas simples da vida,a curtir mais minha casa, minhas obras de arte, os objetos comprados nas viagens, os tapetes árabes nas paredes. O mesmo agora, com a pandemia. O salão está fechado há três meses e tenho visto que São Paulo, uma cidade que pulsa, está parada, dá para ver mais as flores, as árvores. Mas é preciso reabrir, senão as pessoas não vão morrer de Covid, mas de fome.”
Ação para salões pequenos
“Eu não gastei comprando carros e relógios e pude pagar meus funcionários nesse período todo. Não demiti ninguém. Conquistei todos meus sonhos, agora tenho um propósito: gerar empregos. Por isso, eu e minha equipe fizemos uma ação, com lives para arrecadar doações em dinheiro, álcool gel e máscaras para ajudar 10 salões pequenos no Brasil todo, que se inscreveram em nosso programa. Os salões serão escolhidos pelo nosso departamento de marketing, para receber ajuda e não fechar.” As inscrições para a ação já foram encerradas.
Ver essa foto no Instagram
Gola em pé
“As clientes que iam viajar para fora , me traziam camisa polo e falavam que lá usavam a gola em pé. Aquele tempo, durante a sessão de fotos para as capas, eram feitas polaroids, e eu sai na capa com a gola levantada. Brincava que escondia meu papinho. Quando eu não mais fazer, as próprias famosas pediam a foto com a golinha. Acabou virando minha marca registrada.
Óleo de coco
Os óleos não são modismo, é venerado desde a Grécia antiga. Diz o relato que Cleópatra, era feia e baixinha, mas se banhava com 21 óleos,e os homens se apaixonavam por ela, que gostava mais do ylang ylang. Hoje, em casa, pode-se usar o óleo de coco Copra, extravirgem. Coloca na palma da mãos, esfrega um pouco para ficar morno e passa nem toda a extensão do cabelo sujo. Faz um coque e vai dormir, no dia seguinte, lava com xampu. Pode colocar também na máscara de cabelo, junta duas que estão acabando, e passa, deixa uns minutos e lava. Os fios vão ressuscitar.
Vinagre de maçã
Se a raiz for muito oleosa, outro produto que faz milagre é o vinagre de maça orgânico. Coloca no algodão e passa no couro cabeludo, do meio para as pointa, vai ficar um aguinha apenas de vinagre, porque estará concentrado no couro. Deixa um pouco e lava. Pode pingar também umas gotinhas no condicionador ou na máscara e enxágua depois de um tempo.
Queda de cabelos
Comer uma colherzinha por dia de semente de girassol é importante para evitar queda de cabelo. Outra coisa boa para o couro de cabeludo e todo o corpo é a cúrcuma sagrada, que tem o poder de baixar a inflamação do organismo, devido à dieta ocidental, com muita massa e doce.” Lembrando que é sempre bom consultar um médico tanto antes de ingerir qualquer produto que não está acostumado.
Ver essa foto no Instagram
Produtos
“Como existem muitas mulheres que não podem tratar os cabelos comigo, tenho a linha MAB. É um sonho oferecer produtos de ótima qualidade a preços acessíveis. Fiz questão de ter preços bons. Para essa temporada de isolamento, alguns produtos são ideias, como máscara preta milagrosa, que as queixas usavam, tem o xampu Colors Shields, que segura a tintura 5 vezes mais, com óleo de tamanu. Eu falo que esses potes são cheios de amor.
Conselho
“Neste momento, não fiquem impregnando a cabeça com as notícias ruins. Deixem a mente leve. Sugiro o livro “A Lei do Triunfo”, de Napoleão Hill. E se eu consegui, você também pode. Acredite.”
Veja live completa aqui