O Minas Trend ganhou ares novos nesta 23ª edição. Com a mudança no comando da Fiemg (Federação da Indústria de Minas Gerais), presidida desde maio por Flavio Roscoe Nogueira, a Feira de Negócios abriu oficialmente nesta segunda-feira (29) com o objetivo de diversificar e ampliar o acesso ao evento para a população em geral. Ronaldo Fraga volta a ser diretor criativo do evento, incluindo o desfile de abertura, que aconteceu na noite de domingo. Com um olhar no futuro, o tema desta edição é “Agora e para sempre” e apresenta as coleções para o inverno 2019.
O evento continua na Expominas, que ganhou mais cor, por meio de contâiners em todo o projeto visual. Também servem de stands e contornam a passarela, agora integrada ao salão de negócios, aberto apenas a convidados. Mas a mudança mais importante foi o acesso ao público em geral ao espaço que abriga projetos como “A Gastronomia Está na Moda”, com food trucks que servirão pratos e drinques desenvolvidos apenas para a ocasião. Há ainda uma pop up, a Nômade, com estilistas autorais, que oferecem venda direta ao público presente.
O desfile de abertura mudou seu objetivo e apostou apenas nos criadores autorais, que, segundo Ronaldo Fraga, representarão, daqui a cinco ou 10 anos, a moda do Brasil. “Quero que em 2040, essa mudança seja lembrada pelo que foi feito na moda nesse momento pelo qual o Brasil está passando. São marcas autorais, que têm um caminho próprio e que não copiam a vitrine de lojas como a Zara”, afirmou o estilista, durante coletiva do evento.
Quando assumiu a direção criativa, há menos de quatro meses, a ideia dele foi humanizar e oxigenar a feira de negócios. “Na primeira vez que fui diretor criativo, o objetivo era posicionar as marcas mineiras no cenário nacional e internacional. Agora, quis apostar no futuro da moda. Pensávamos em selecionar nove marcas novas e acabamos colocando todas que mandaram suas propostas”, afirmou o estilista, que alfinetou marcas tradicionais. “Antes, tínhamos que pedir para as tias chatas das outras marcas que emprestassem as peças. E muitas não queriam se misturar com outras marcas. Era muita encheção de saco”, disse.
Divididas por blocos individuais, com uma média de cinco looks cada, desfilaram 21 marcas: Anne Est Folle, Box 19, Camila Akemi, Candê, Diwo, Fe-Lis, Heleve, Jardin, Jessica Andrade, LED, Libertees, Lucas Magalhães, Meniax, Miêtta, Moda Moon, Nouveau Jour, Not Equal, Nuu Shoes,Tatiana Marques, Virgilio Couture, Virgínia Barros. Algumas delas já haviam se apresentado em edições anteriores de forma individual.
Flávio Rescoe apontou também outra mudança, “Agora, todas as marcas que participam da feira pagam o mesmo valor. Não há desconto maior para uma grande marca e nenhum para outra. Demos 20% de desconto para todas. As marcas que vão desfilar também pagam pela apresentação. Mas é um valor simbólico em relação ao custo do desfile. E muitas amenizam esses valores com patrocínios”, explicou, lembrando que os estilistas convidados para a abertura não pagaram nada pela apresentação.
Os desfiles individuais das marcas acontecem nesta segunda e terça-feira, às 20h30, meia hora após o fechamento do salão, para que as apresentações não atrapalhem a movimentação da feira. Além de palestras relativas ao tema no Expominas, a prefeitura de Belo Horizonte programou cerca de 15 eventos pela cidade, muitos deles, no Museu da Moda.
Desfile de abertura
Quem acompanha o Minas Trend há várias edições percebeu na hora o novo caminho do evento. O espaço de desfile não foi composto por plateia com filas A, B, C etc. Praticamente todos os convidados sentaram na primeira fila, em banco dispostos em corredores. Ou seja, todos viam perfeitamente as roupas. “A ideia foi mostrar a criação de cada marca, sem outros adereços, como era feito antes”, explicou Ronaldo.
A diversidade proposta ficou clara também na trilha musical. Três bandas de estilos completamente diferentes se revezavam no som: The Pulso in Chamas, Poison Gas e Velotrol. A The Pulso in Chamas, formada pro drags e cantores performáticos, abriu a apresentação com a música “Divino Maravilhoso”, entoando de forma contundente o refrão “É preciso estar atento e forte/Não temos tempo de temer a morte”. No final, as três bandas tocaram e cantaram juntas “Another Brick in The Wall”, de Pink Floyd. Lembrando que o ex-integrante da banda, Roger Waters, criou polêmica ao colocar o presidente eleito Jair Bolsonaro na lista de fascistas de todo mundo, durante recente turnê no Brasil. Sim, mais um recado político que a moda dá, mesmo que fechada a um restrito círculo de convidados.
“As marcas escolhidas também trabalham em ritmo de slow fashion, que complementa o fast fashion.” Conclusão, roupas relaxadas, com uma ou outra tendência que se vê por aí, mas com a individualidade preservada em cada look. Confira nas fotos abaixo.