Chanel pode ter criado o famoso vestido preto,, mas foi Audrey Hepburn, em “Bonequinha de Luxo” (filme de 1961) que o imortalizou mundo afora, com seu até hoje copiado “pretinho básico“. A criação foi do estilista francês Hubert de Givenchy, que morreu neste sábado aos 91 anos. “O senhor Givenchy faleceu enquanto dormia, no sábado, 10 de março de 2018”, informou seu companheiro e também estilista Philippe Vennet,
Considerado como um dos “últimos grandes nomes da época de ouro da alta-costura”, como definiu o jornal francês “Le Figaro”, Givenchy se autointitulava “eterno aprendiz”. Nascido em 1927, começou a carreira trabalhando com Jacques Faith, entre 1945 e 1949. Trabalhou também para Christian Dior e Elsa Schiaparelli. Foi para Schiaparelli que criou conjuntos de peças intercambiáveis, como blusa, saia, calça, blazer. O primeiro passo para o prêt-à-porter de luxo. Mas seu grande mestre, como fazia questão de dizer, foi Balenciaga.
O primeiro desfile da Maison Givenchy foi em 1952, quando apresentou uma coleção em preto e branco, incluindo peças inspiradas no guarda-roupa masculino. Foi aí que mostrou a famosa Blusa Bettina, em homenagem à modelo Bettina Graziani. Feita com tecido de camisaria, gola alta e aberta, as mangas tinham babados de bordado inglês.
A amizade com Audrey Hepburn, a partir de 1953, moldou o estilo da atriz, tanto nas telas de cinema quanto na vida real. E também fez o estilista ser conhecido em todo o mundo. Em 1954, o filme “Sabrina” ganhou o Oscar por melhor figurino, assinado por Edtih Head. A figurinista não deu crédito a Givenchy pelo vestido de festa que ele havia feito. Conta-se então que Audrey exigiu que todos os seus filmes, dali em diante, tivessem o figurino assinado pelo francês.
Givenchy vestiu também Jacqueline Kennedy e Gracy Kelly, para citar apenas algumas. O estilo de Givenchy deixou o rebuscamento de lado para criar uma silhueta mais limpa, sem excessos. O figurino da personagem Holly Golightly, em “Bonequinha de Luxo”, prova isso. A elegância e o refinamento seguiram as criações do estilista por toda sua vida profissional.
Em 1988, sua maison foi incorporada pelo poderoso grupo de luxo LVMH (Moet Henessy Louis Vuitton). Ele havia vendido o nome, mas ainda estava a cargo de suas coleções. O último desfile assinado por Givenchy foi em 1995. “Eu vou parar de desenhar vestidos, mas não de descobrir. A vida é como um livro. É preciso saber virar as páginas”. E ele virou, retirando-se do mundo fashion. Nesta segunda-feira (12), a Maison Givenchy publicou uma singela homenagem ao seu fundador em seu Instagram.
“A Maison Givenchy está triste em anunciar a morte de seu fundador Hubert de Givenchy, uma grande personalidade do mundo da alta-costura francesa e um cavalheiro que simbolizou o chique e a elegância parisienses por mais de meio século. Sua influência duradoura e sua busca pelo estilo reverberam até hoje. Ele fará muita falta.”, escreveu na legenda.
Substitutos
Quando vendeu sua marca, Givenchy foi substituído por John Galliano, que ficou pouco tempo à frente da grife. Depois veio o também britânico Alexander McQueen, além de Julien McDonalds e Ricardo Tisci, que ficou 12 anos até sair em fevereiro de 2017. Neste período, Tisci transformou a marca numa das mais fervilhantes e esperadas durante as semanas de moda. Conquistou um público jovem com uma elegância despojada.
Atualmente, Clare Waight Keller responde pela direção criativa da marca. No desfile de estreia, em outubro de 2017, a estilista foi criticada por não trazer tanto fervura à passarela. A moça mergulhou nas criações do fundador e apostou em peças elegantes, mas com uma leitura atual.
No Brasil, Bruna Marquezine é uma das adeptas da marca, assim como Sabrina Sato e Adriane Galisteu. Nos tapetes vermelhos, muitas famosas também vestem a marca, como Gal Gadot no último Oscar.