Por Rosângela Espinossi
O terceiro dia da 42ª edição do São Paulo Fashion Week mostrou de roupas de praia a peças para o outono-inverno. Com o sistema “see now, buy now”, de venda imediata implementado por algumas grifes, não dá para vender imediatamente peças da estação mais fria. A impressão que se dá ao ver os desfiles é de estar numa gangorra. Ora o assento desce para um lado (verão) ora para outro lado (inverno). Uma surpresa a cada apresentação. Confira as sugestões das seis grifes que desfilaram em lugares diversos da cidade se São Paulo e na única sala de desfile montada sobre a tenda armada no Parque Ibirapuera. E pensar que já houve quatro salas para abrigar as quase quatro dezenas de desfiles do calendário. Dessa vez, são apenas 26.
JAPONISMO
O dia começou com Fernanda Yamamoto mostrando suas peças de outono-inverno, com seu rico trabalho inspirado no japonismo, seja nas técnicas vindas dos origamis, seja em shapes que lembram os estilistas que invadiram a França nos anos 80, como Yohji Yamamoto e Rei Kawakubo. Lembrete: mesmo de origem oriental, Fernanda nem sempre tem como referência os conterrâneos de seus antepassados. Ela costuma dizer que não gosta de seguir tendências, mas trouxe para o desfile que aconteceu na Estação Pinacoteca peças amplas, largas, confortáveis. Essa parece ser o principal caminho apontado pela moda atual, que não deixa de ser um referência ao japonismo dos anos 80.
O legal de Fernanda é que o resultado é todo elegante, com bordados aplicado e tecidos transparentes ou aplicação de vários pedaços de tecidos, formando bordados. A estilista entra também na onda do reaproveitamento de tecidos e trabalha de um forma moderna com a auréola dos tecidos (a lateral do tecido em geral não utilizada na confecção). Se ela não está na onda do veja agora, compre agora, já que faz uma moda mais de ateliê, o que apresentou na passarela foi uma coleção consistente e predominante preta, outra referência aos anos 80.
SOB O SOL
Depois da coleção invernal de Fernanda Yamamoto, foi a vez de Lolita Zurita Hannud levar o pessoal de moda para a Livraria Cultura do Shopping Iguatemi para mostrar sua linha de praia, que já está à venda. Os tricô com elastano que deixaram sua grife Lolitta (com dois “t”) conhecida foram agora transportados para biquínis e maiôs. Num retorno aos anos 90, trouxe também a logotipia, com o nome da grife estampando algumas peças, além de trabalhos que lembram rendas e bordados (veja matéria aqui).
TUDO JUNTO E MISTURADO
Patricia Bonaldi (com a grife PatBo) e Luiz Claudio (com Apartamento 03) já se apresentaram separados no SPFW. Eles e Lucas Magalhães fazem parte do grupo Nohda, criado por Patricia. Dessa vez, os três mineiros criaram uma mesma coleção para apresentar na semana de moda paulista. O projeto foi batizado de Experimente Nohda. O desfile aconteceu no emblemático Teatro Oficina, no Centro de São Paulo. E conforme as roupas surgiam, via-se o talento de cada um, nos laços, nas peças de tricô transparente, nos bordados e nos matelassês. As formas oversized se misturavam a vestidos mais retos, ora com o ombro à mostra ora com muitos nós e amarrações. As peças não entram no sistema de venda imediata. Artesanais, requerem um pouco mais de tempo para serem feitas
PRAIA NO INVERNO
A A.Brand apresentou sua coleção de outono-inverno, mas a inspiração foi a praia. Aquela praia que visitada na estação mais fria que requer moletom, peças confortáveis e largas (olha a tendência oversized aí de novo). Calças de cós alto e modelagem folgada, casacos amplos, camisas vinham em tons suaves, como rosa e terrosos, ao lado de mix de estampas, como listras, xadrezes, botânicos, usados misturados. Um toque de alfaiataria aqui, uma sobreposição ali e algumas amarrações, para modelar a silhueta. Babados, mangas bem compridas e cintura alta foram outros pontos fortes da coleção (veja matéria aqui).
VERÃO DE NOVO
A Lilly Sarti veio com uma coleção leve, diáfana. Muitos looks brancos deram inicio ao desfile, para depois entrarem tons pastel, terrosos suaves e mostarda e poucas estampas. Fendas, babados, ombros à mostra e sobreposições também surgiram nos modelos. A cintura marcada, com faixas ou cintos, foi presença constante. Nos cabelos, coques amassados e tranças em volta da cabeça proposto por Celso Kamura. No make, gloss rosado/coral nos olhos e a mistura dos dois na boca, por Fabiana Gomes. O make natural é tendência, para inverno e verão. Aliás, a coleção da Lilly também já está à venda, por isso as roupas leves, que também podem ser usadas nos dias frios com um casaco por cima.